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Em Dia com a Poesia

Sob encomenda

 

Encomendaram-me um dia que fizesse,

Um poema que falasse de alegria,

No intuito de fazer, gastei um dia,

Pesquisando os poetas que pudesse.

Pesquisei em Augusto, o primeiro!

Encontrando, só tristeza e solidão,

Li bisonho, o seu “versos a um cão”,

Ou a ode que fazia a um coveiro.

Procurei Arthur Rimbaud, o Francês,

Absorto em total melancolia,

Me falava do amor que não havia,

Desisti de Arthur, vejam vocês!

Álvares de Azevedo foi latente...

Na esperança de encontrar um lenitivo,

Rebuscando os seus temas num arquivo,

Me falava de um amor feio e doente.

Edgar Allan Poe, o Americano,

Com seu “Corvo” me acabrunhando,

Numa imagem, de sarcasmo e maldição...

Recuei, num mutismo desvairado,

Não faria um poema assombrado,

Tendo um “Corvo” como inspiração.

Dante, Homero, Virgílio, mais ainda,

Baudelaire encontrei e, no entanto,

Só falavam em tristeza dor e pranto,

Parecendo desprezarem a própria vida.

Desistir? Não desisto! Na esperança,

De encontrar finalmente, um apenas,

Dos Homéricos de Ilíada e Helenas,

Terminei numa coletânea de criança.

Foi ali nas histórias infantis,

Embalado nas cantigas de cirandas,

Das cornetas, bandolins flautas e bandas,

Compreendi finalmente o que eu quis.

Não nos basta o intelecto e alegoria,

Nem tampouco o erudito dos autores,

Pois nos serve, ao falarmos de amores.

Ver na criança o sentido da poesia.

 

Horácio de Almeida Lima

horaciolima@reitoria.ufcg.edu.br


Data: 02/07/2010