topo_cabecalho
Brasil tenta atrair mais estrangeiros para universidades

Hoje, colombianos e peruanos lideram a demanda de fora por educação superior

 

As principais universidades brasileiras querem aumentar o número de alunos estrangeiros na graduação e pós-graduação no país. O total de estudantes de outros países em grandes universidades do mundo, como as americanas Columbia, Harvard e Stanford e a britânica Cambridge, giram em torno de 20%, somando graduação e pós-graduação.

 

Na USP, Unesp e Unicamp -que estão entre as principais universidades do país e, juntas, somam mais de 50% da produção científica nacional- a fatia de estrangeiros está em torno de 2%.

 

"Estamos aumentando o escritório de internacionalização e triplicando o número de funcionários", contou o reitor da Unicamp, Fernando Costa, à Folha.

 

Lá, boa parte dos atuais 533 estrangeiros são da Colômbia (155) e Peru (126). Para ele, é preciso ter infraestrutura para atender esses alunos, "coisa que já existe nas universidades europeias e americanas".

 

A agrônoma uruguaia Cecilia Gianoni concorda. Ela decidiu fazer doutorado no Brasil depois de alguns trabalhos em cooperação com a Unicamp. "A infraestrutura é boa, mas a burocracia é maior do que na Argentina, onde fiz mestrado", conta.

 

Parte desse arcabouço necessário é o sistema de bolsas de estudos. As duas principais instituições de fomento à pesquisa nacionais, Capes e CNPq, oferecem juntas quase 2.000 bolsas para estrangeiros na pós-graduação no país, a maioria de países da América Latina, em especial Peru e Colômbia.

 

"Estamos pagando para formar estrangeiros? Não é isso. Trata-se de um trabalho de colaboração", diz Vahan Agopyan, pró-reitor de pós-graduação da USP -na qual a internacionalização também está sendo priorizada.

 

Agopyan lembra que a ideia também é enviar estudantes brasileiros para fora do país. Hoje, USP e Unicamp têm cerca de 2,5% dos alunos da pós-graduação com experiência internacional. A Unicamp quer chegar a 15%. Já a USP não fala em números específicos.

 

O corpo docente também tem sido alvo das políticas. Para atrair os professores de fora, a Unicamp espalhou anúncios em revistas internacionais e já recebeu mais de 150 pretendentes. "A meta é ter professores estrangeiros em áreas deficitárias no Brasil", diz o reitor da Unicamp.

 

Aulas em inglês, como ocorre nas grandes universidades internacionais, não estão nos planos ainda. Mas a hipótese não está descartada. "Isso não fere a identidade nacional", diz Agopyan.

 

A USP já tem uma pós-graduação internacional, em Piracicaba, totalmente em inglês, e em parceria com instituições dos EUA. Talvez seja apenas a primeira.

 

(Folha de São Paulo – Disponível em Jornal da Ciência)


Data: 26/07/2010