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Alunos devem ver a física no dia a dia para entender disciplina

Luciana Almeida Sato, 19, faz questão de dizer, em alto e bom som: "Eu odeio física". "Sempre vi apenas fórmulas jogadas na lousa. Aqueles números não fazem sentido nenhum pra mim", diz ela, que vai prestar biologia.

 

Seus amigos Leonardo Saturnino Ferreira, 20, e Lucas de Oliveira Silva, 19, até entendem as fórmulas. Mas eles gostam mesmo é de procurar a física no dia a dia. "Física é explorar o universo. Ela explica tudo o que a gente vê", diz Lucas, que quer uma vaga em engenharia aeronáutica no ITA.

 

"Ela explica por que as coisas acontecem daquele jeito. É divertido", completa Leonardo, que também escolheu engenharia, mas a elétrica.

 

A mania dos dois de relacionar os conteúdos ao cotidiano é a dica de ouro que os especialistas dão para ajudar a entender a temida matéria.

 

"Física não é fórmula. E não é preciso ter um grande laboratório para ensinar. Até pequenas experiências ajudam e os alunos vão lembrar para sempre", afirma Nicolau Ferraro, um dos autores do livro para o ensino médio "Os Fundamentos da Física" e do blog homônimo.

 

Dulcidio Braz Júnior, do blog Física na Veia, concorda. "É preciso entender os conceitos. As pessoas gostam de ver a física viva."

 

O trauma de Luciana seria justificado, então? Sim, diz Fuad Daher Saad, professor da USP e coordenador do projeto de extensão Show de Física. "Aprender física só no quadro é como fazer um curso de natação por correspondência", compara.

 

CONTEÚDO EXTENSO

 

Outro motivo que contribui para que a física seja malvista pelos estudantes é o fato de a disciplina ter um programa muito extenso.

 

"São muitos conteúdos e, às vezes, o professor passa correndo para dar tempo de ver tudo. Assim o aluno não consegue aprender", diz Sidney Borges, parceiro de Ferraro no blog Os Fundamentos da Física.

 

Ele ainda critica que alguns conteúdos vão além do que um estudante do ensino médio é capaz de responder e, por isso, deveriam ser dados apenas na faculdade.

 

FÍSICA MODERNA

 

Mesmo com um conteúdo já extenso, especialistas ouvidos pelo Fovest defendem a inclusão no currículo do ensino médio da física moderna, que trata de assuntos como as teorias da relatividade e a física quântica.

 

A justificativa é que ela está intimamente ligada às novas tecnologias. "E alguns vestibulares já estão cobrando, então é preciso ensinar", diz Borges. A Unicamp é uma das universidades que já cobram esse conteúdo em sua prova.

 

(Folha.com)


Data: 04/08/2010