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Conheça o potencial das redes sociais para sua carreira

Exposição exige cautela no tipo de informação publicada

 

O Brasil está entre os dez países com maior número de acessos a redes sociais. É o que comprova levantamento feito pelo IBOPE Inteligência, publicado no último mês de junho. Os resultados da pesquisa, que ouviu aproximadamente 28 mil pessoas de 27 países, indicam que 87% dos brasileiros possuem perfis em sites de relacionamento. A pesquisa chama atenção ainda para as razões que motivam a interação em ambiente virtual. Enquanto 83% dos entrevistados acessam a Internet por razões pessoais, apenas 33% possuem contas na web com o objetivo de realizar contatos profissionais.

 

Nos Estados Unidos, o acompanhamento realizado pela companhia Jobvite comprovou que 95% das empresas do país utilizavam o Linked In - rede social com foco na relação profissional - como ferramenta para recrutamento de candidatos. Em artigo, Danielle Alves, responsável pela área de Recrutamento e Seleção da empresa Talk Interactive, garante que essa tendência também faz parte da realidade brasileira, não apenas com o Linked In, mas através de outras redes virtuais como Orkut, Facebook e Twitter. Na opinião dela, uma das principais vantagens dos sites é a diminuição da distância entre candidatos e empresas.

 

Segundo Marcelo Coutinho, professor do curso de Inteligência Competitiva em Redes Sociais da FGV-EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas), a visibilidade não aumenta apenas em relação aos recrutadores, nas redes sociais, os profissionais conseguem criar e manter contatos que podem indicar oportunidades de emprego. "Nos anos 80 já se falava em redes de contatos e em se tornar visível no mercado de trabalho para criar diferencial em relação aos outros concorrentes. A Internet proporcionou que a intensidade dessa exposição se elevasse e ganhou audiência global", afirma ele.

 

É o caso do universitário Bruno Carone, 21 anos, estudante de Marketing, que possui contas em quatro redes sociais. Ele utiliza dois desses perfis - Orkut e Facebook - para contatos pessoais e outros dois - Twitter e Linked In - para contatos profissionais. "Oportunidades surgem a todo instante seja para contratar serviço, para me atualizar sobre o mercado ou até para buscar novo emprego", diz Carone, que exemplifica os benefícios da exposição a partir da experiência de um de seus amigos. "Ele foi contratado por uma agência de publicidade interessada pela forma como ele escrevia em seu blog", conta ele.

 

A diferença entre os perfis de Carone está nos assuntos que aborda em cada tipo de contato. "Procuro manter o foco. Comentar sobre novos métodos que surgem no setor provavelmente não vai ser relevante para amigos que não têm intimidade com o tema, assim como falar sobre a balada do final de semana não vai ser relevante para uma rede de contatos profissionais", justifica o universitário.

 

O estudante Thiago Felinto, 19 anos, também do curso de Marketing, defende outro ponto de vista. Ele possui contas pessoais em redes como Orkut, Facebook e My Space, além de um Fotolog. Já o perfil do Twitter é utilizado tanto para relacionamento pessoal quanto profissional. Beneficia-se dessa ferramenta para seguir agências de comunicação e perfis que divulgam informações sobre sua área de atuação, ao mesmo tempo em que troca informações com amigos e simultaneamente com colegas do mercado de trabalho. "Prefiro me comunicar dessa forma para agregar ao processo maior transparência e naturalidade. Assim, acompanho as empresas e elas acompanham a minha forma de comunicação", relata Felinto.

 

O comportamento na rede, segundo professor do curso de Inteligência Competitiva em Redes Sociais da FGV-EAESP, depende inicialmente do tipo de público que o profissional pretende atingir. Coutinho garante ainda que as áreas de atuação influenciam muito o processo de comunicação. "Um estudante de Comunicação, por exemplo, pode ter mais liberdade na forma de se comunicar do que o de Direito, que se encontra em um contexto mais formalizado", avalia o professor.

 

As abordagens também variam de acordo com o perfil da rede social. É o que diz Ana Cristina Limongi-França, professora de Gestão da Qualidade de Vida no Trabalho da FEA-USP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo). "Para fazer contatos profissionais, é importante procurar os locais em que existem os grupos específicos de seu interesse", sugere ela.

 

Equilíbrio

 

Ana Cristina e Coutinho concordam quanto ao potencial de socialização das redes virtuais e da aproximação de profissionais do mercado de trabalho. Entretanto, ambos destacam ainda a necessidade de cautela no tipo de informações publicadas. "As pessoas não podem se esquecer que têm que controlar o que dizem na Internet, já que estão em espaço público", ressalta a professora da FEA-USP.

 

Para Coutinho, a questão central das redes sociais é o uso moderado. "As fronteiras entre o que uma pessoa é pessoalmente e o que demonstra na Internet estão cada vez mais próximas", completa ele. O professor explica que atualmente, quando se quer conhecer um profissional, é comum que as empresas procurem por referências em sites como Google, Orkut e Facebook. "Na Internet, assim como nos encontros presenciais, vale a primeira regra básica do networking: não se expor em excesso. Da mesma forma em que não se chega a uma reunião distribuindo cartões de visita, é preciso ter noção do que é razoável", compara Coutinho.

 

Carone concorda com a cautela no momento de selecionar as informações a serem transmitidas. "Que tal falar que está cansado de tanto trabalho no mesmo perfil do Twitter em que seu chefe lhe segue, por exemplo? Isso pode render no mínimo um clima chato dentro da empresa", analisa o estudante. Para evitar futuros problemas, Coutinho indica que não se coloque em um perfil pessoal o tipo de informação que não gostaria de ver em um perfil profissional. Ele diz que as comunidades e grupos em que um candidato está inserido podem influenciar na forma como os recrutadores o enxergam, e afirma que esse é um fator que tem recebido atenção por parte dos departamentos de Recursos Humanos.

 

Coutinho sugere ainda que os profissionais, principalmente aqueles em início de carreira, evitem dar margens para comentários negativos. "A comunicação não pode ser compulsiva. É preciso sempre ter a preocupação em cuidar da imagem e ter comportamento responsável e focado, de forma que a divulgação ainda seja interessante e atrativa", destaca Ana Cristina. No caso de equívocos, o professor da FGV-EAESP dá a dica: "faça com que aquela informação perca a relevância e adicione informações que possam destacar pontos positivos de seu profissionalismo", orienta ele.

 

(Universia)


Data: 06/08/2010