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OAB quer ação contra venda de monografias

Órgão deve votar hoje moção contra o comércio de trabalhos, prática comum em universidades

 

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve votar nesta terça, 19, um documento contra a compra de trabalhos e o plágio de monografias nas universidades. "É preciso tomar atitudes contra essa prática", defende o presidente da OAB, Ophir Cavalcante.

 

A moção, preparada pela Comissão Nacional de Relações Institucionais, deverá ser encaminhada para o Ministério Público, os ministros da Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Justiça, procuradores-gerais de Justiça, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Educação e todas as instituições de ensino superior do Brasil.

 

Cavalcante atribui o aumento de fraudes a dois fatores: à própria facilidade do acesso a documentos na internet e à proliferação de cursos de baixa qualidade, que estariam pouco interessados em exigir empenho dos estudantes. "Os alunos fingem que estudam e os professores fingem que ensinam", avalia.

 

Um dos aspectos discutidos pelo grupo é o comércio ilegal de monografias. "Os anúncios com ofertas desses "serviços" são encontrados com facilidade. É preciso estar atento, coibir essa prática", completa.

 

Entre as medidas sugeridas pelo trabalho está a adoção de programas de computador para buscas de textos copiados. "O mais importante é trazermos esse debate para pauta. Não podemos assistir calados a essa cultura nefasta que vem sendo criada." O presidente da OAB observa que essa cópia feita por estudantes trará reflexos a médio prazo. "Isso pode comprometer a qualidade da produção das pesquisas no país." A moção que deverá ser avaliada nesta terça-feira (19/10) foi proposta pela OAB do Ceará.

 

Cavalcante defende também maior atuação na investigação desses casos. "Estudantes têm de aprender a raciocinar, a ter empenho, a pesquisar. Mas, ao fazer vista grossa, o que ocorre é que alunos estão sendo premiados pela ilegalidade."

 

Alguns dos serviços oferecidos por terceiros incluem a produção completa de monografias e teses de mestrado, mas há profissionais que ajudam apenas com partes do trabalho acadêmico ou prestam consultorias. Os preços podem variar de R$300 a R$ 600; a propaganda costuma ser pela internet ou no boca a boca.

 

Um profissional contatado pela reportagem contou, sob condição de anonimato, que lê e resume a bibliografia indicada pelo professor da faculdade, depois faz a redação do texto ao lado do aluno. "Quem me procura não têm capacidade de ler um texto teórico ou não consegue pensar organizadamente."

 

Há ainda profissionais que se denominam "consultores acadêmicos". "O aluno vem à minha casa e funciona como uma consulta: explico como ler e citar corretamente um artigo científico, por exemplo", disse um "consultor".

 

(O Estado de São Paulo – Disponível em Jornal da Ciência)


Data: 19/10/2010