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“Taxa de homicídios em Campina Grande está acima da média de cidades de médio porte”, afirma pesquisador da UFCG

Média nacional é de 32,3 homicídios por cem mil habitantes. Em Campina, a taxa é de quase 40.

 

Um estudo realizado pelo professor José Maria Nóbrega, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), aponta que a taxa de homicídios em Campina Grande está acima da média nacional para cidades do seu mesmo porte populacional. Segundo ele, a média é de 32,3 homicídios por cem mil habitantes, enquanto que na Rainha da Borborema a taxa é de 39,6 mortes.

 

Para o professor e cientista político, esses são números de uma guerra civil não declarada. Ele cita ainda outra agravante nos números registrados na cidade. “Entre as cidades de 350 a 400 mil habitantes, Campina Grande fica atrás apenas de Porto Velho, capital de Rondônia, que apresenta tendência de queda nos últimos anos, enquanto que Campina Grande segue caminho inverso numa escala de crescimento constante da violência homicida, podendo, em curto prazo, ultrapassar Porto Velho e alcançar o primeiro lugar nesse perigoso ranking”, revela.

 

A pesquisa, que faz parte de sua tese de doutorado, revela ainda que os jovens são as maiores vítimas da violência O estudo aponta que esse crescimento pode ser reflexo da ineficácia das instituições coercitivas, a exemplo das polícias, do Ministério Público, da Justiça e do sistema carcerário.

 

Homicídios no Nordeste

 

Além dos dados sobre Campina Grande, o pesquisador José Maria Nóbrega está engajado em uma pesquisa sobre os homicídios no Nordeste Brasileiro. O estudo, que avalia os nove estados da região, além de fazer um retrato do mapa da violência no Nordeste, busca relacionar os fatores que causam o aumento de homicídios na região.

 

Entre os esforços dos governos para diminuir a taxa de criminalidade, a exemplo de programas sociais como o Bolsa Família, o pesquisador faz um levantamento se existe uma relação entre o crescimento ou decréscimo do efetivo policial e a prática de homicídios no Nordeste.

 

De acordo com a pesquisa, na Paraíba, houve um incremento no efetivo de policiais civis entre os anos de 2003 e 2006. A Polícia Civil saltou de 1.191 para 2.542 profissionais, enquanto que a Polícia Militar aumentou seu efetivo de 8.253 para 9.170 homens. Ainda assim, a taxa de homicídios continuou crescendo, saltando de 615 para 824 assassinatos por ano.

 

“Neste caso, o crescimento do efetivo não teve relação ou associação com a diminuição da violência homicida na Paraíba, quebrando o mito que liga uma lógica relação entre o efetivo da polícia e a redução da violência. O mero crescimento do efetivo não refletiu na redução da violência homicida”, afirma.

 

Para o professor, o controle dos homicídios, entre outros fatores, deve passar por uma análise precisa de sua dinâmica e de suas relações com outras variáveis. “Só assim é possível a aplicação das políticas públicas em Segurança”, adverte.

 

A pesquisa completa e inédita sobre Homicídios no Nordeste será divulgada em breve na Revista de Segurança e Cidadania, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça.

 

(Gloriquele Mendes – Ascom/UFCG)


Data: 04/02/2011