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Professora aponta realizações e desafios na rotina escolar

As inúmeras atividades desenvolvidas diariamente na coordenação pedagógica de uma escola da rede pública de Brasília deixam Maria Luiza Alves de Moura cansada, mas também realizada. Para ela, a função que exerce é polivalente e engloba, além da parte pedagógica, práticas habitualmente desempenhadas por pais, professores, profissionais de saúde e até mesmo delegados.

“Procuro fazer o melhor dentro do possível e conto com boa equipe de professores e gestores”, assegura Maria Luiza. Ela trabalha no Centro de Ensino Fundamental (CEF) da SQN 102. Licenciada em ciências, matemática, e biologia, pós-graduada em psicopedagogia institucional, Maria Luiza está na carreira do magistério há 32 anos, sempre na rede pública. Desse período, 26 anos foram dedicados à regência de classe, como professora de ciências e biologia, e seis à coordenadoria pedagógica.

A cada início de ano letivo, a escola promove a Semana Pedagógica. “São revistas as metas da proposta pedagógica do ano anterior, refeitas as que não fluíram e reforçadas as que obtiveram sucesso”, revela. Nesse período, são acolhidos os novos professores, discutidas sugestões de melhoria do trabalho e estabelecido cronograma com os eventos previstos para o decorrer do ano — datas festivas, reuniões com os pais e conselhos de classe.

Na primeira semana de aulas, é destacada, entre os estudantes, a importância da boa convivência no ambiente escolar. Isso é feito por meio de oficinas, com temas que envolvam valores e com a distribuição e a leitura do regimento escolar.

Desafios

 

A professora brasiliense assegura que o principal desafio enfrentado como coordenadora pedagógica é o próprio sistema educacional, consequência de problemas como a falta de professores no início de cada ano letivo e o grande número de alunos nas turmas. Para ela, classes mais reduzidas permitiriam melhorar a qualidade do atendimento.

De acordo com Maria Luiza, as crianças, hoje, atropelam o tempo, pela curiosidade, pelo amadurecimento precoce, pela inversão de valores, pela sede de tecnologia em suas vidas. “Isso exige do professor habilidades diversas para atender as necessidades dos alunos”, afirma.

Outro problema citado por Maria Luiza é substituição de professores com contrato temporário por profissionais com cargos efetivos no decorrer do ano letivo. A mudança provoca transtornos de relacionamento e de adaptação dos alunos, além de alterações no método de trabalho. “Na maioria das vezes, isso acontece no meio de um bimestre, o que é lamentável, pois o aluno acaba prejudicado”, salienta. “Percebemos claramente como o rendimento cai e a indisciplina aumenta.”

O excesso de projetos que, segundo Maria Luiza, minam o período letivo, é outra questão que a incomoda. Ela diz entender que a educação não pode se pautar em pilares estáticos, pois a inovação é importante, mas que tudo precisa ser feito na medida certa, com base no cotidiano da comunidade e, principalmente, no número de aulas previstas para cada professor. “Ninguém sobrecarregado consegue realizar um bom trabalho”, afirma.

 

(MEC)


Data: 07/02/2011