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Brasil enfrenta o desafio de aproximar academia e setor empresarial

Avaliação é do secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ronaldo Mota.

 

Apesar de ampliar a produção científica consideravelmente nos últimos anos, o Brasil ainda tem um desafio: "aumentar a quantidade e a qualidade da conexão entre o setor acadêmico, científico e tecnológico e os setores empresariais e atender as demandas sociais". Essa é a avaliação do Secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Ronaldo Mota, que continua no cargo compondo a equipe do ministro Aloizio Mercadante. Segundo ele, o cenário é propício para alcançar o objetivo. "Há concordância entre a atual e a antiga gestão do ministério quanto à necessidade de se priorizar a questão da inovação nas empresas e na sociedade". 

 

O Brasil responde hoje por 2,7% da produção científica mundial, tendo sua participação mundial dobrado entre 2000 e 2009. No mesmo período, o número de publicações aumentou 205%, atingindo 32 mil artigos indexados na base de dados National Science Indicators (NSI). Em 2008, o País alcançou a 13ª colocação no ranking mundial da produção científica.

 

Segundo Mota, esse significativo crescimento do sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) não reflete no nível de inovação esperado.  "Um percentual pequeno de nossas empresas gera produtos novos no mercado. Um número inexpressivo dos pesquisadores brasileiros atua em empresas. Essa situação decorre da falta de cultura de inovação no ambiente empresarial e de pouca articulação das políticas industrial e de C,T&I, apesar dos esforços recentes", avalia.

 

Ações

 

O secretário cita como facilitador para mudar a atual realidade, o fato de o País já ter uma linha mestra, tendo como base iniciativas como a implantação do Plano Nacional em Ciência, Tecnologia e Inovação (2007-2010), a aprovação da Lei de Inovação (em 2004) e da Lei do Bem (em 2005). O novo cenário permitiu às empresas utilizar um leque de instrumentos mais amplo e efetivo. 

 

"Criamos um marco regulatório muito interessante que estimula a inovação nas empresas. Então posso dizer, que do ponto de vista de incentivos, amparados por leis, nossa história começa, mais ou menos, em 2006. Então, é uma história muito recente. No ínicio, tínhamos 130 empresas que faziam uso de incentivos fiscais por apostarem em pesquisa e desenvolvimento e esse número passou agora para 635 empresas. Os valores investidos, que eram da ordem de R$ 2 bilhões, passaram para mais de R$ 8 bilhões", informa.

 

O secretário também ressalta como é relevante a mobilização do setor empresarial. "As entidades empresariais, federações de indústrias, associações setoriais e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas empresas (Sebrae) abraçaram a causa de colocar a inovação na agenda das empresas nacionais e têm liderado iniciativas importantes nessa direção". Com a parceria entre setor público e privado, a meta é ter, pelo menos, três mil empresas inovadoras no País até 2014. 

 

De acordo com Mota, é positivo se ter uma dimensão e complexidade, mas, apesar das conquistas, é preciso avançar ainda mais para que o Brasil figure entre as maiores potências do mundo, como planeja. Para isso, considera fundamental ter uma educação de qualidade, uma ciência e tecnologia que engendra inovação e que essa inovação impacte fortemente, fazendo com que os nossos produtos sejam competitivos no mercado nacional e no mercado internacional.

 

"Não é um desafio simples, isso está em curso, está sendo feito, mas para que o País tenha um desenvolvimento sustentável terá que ser feito num ritmo e num nível mais aprofundado do que temos hoje. Ele não será sustentável se não tiver ancorado na transferência de conhecimento ao setor produtivo. Essa é talvez a essência maior dos desafios que nós temos que enfrentar", conclui.

 

(Jornal da Ciência)


Data: 11/02/2011