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Artigo - Semana do Meio Ambiente

Adriana Vital

 

Estamos na Semana do Meio Ambiente e no Ano Internacional das Florestas, e uma questão inquieta as pessoas ‘antenadas’ com os últimos acontecimentos veiculados na mídia, e que dizem respeito às modificações do Código Florestal Brasileiro, uma vez que as mudanças votadas no último dia 25, por uma esmagadora maioria na Câmara dos Deputados, poderão ter consequências devastadoras para as florestas e a população do País, caso o texto seja aprovado no Senado e sancionado pela Presidente.

 

Dentre as mudanças aprovadas estão a desobrigação de propriedades de até quatro módulos rurais (dependendo da região o módulo varia entre 40 e 100 hectares) possuírem Reserva Legal, a consolidação de cultivos existentes em Áreas de Preservação Permanente, e pasmem, sem a obrigação de recuperar essas áreas, a anistia a produtores rurais que desmataram até 2008, além da diminuição das áreas de vegetação nativa em encostas e margens de rios e eliminação da proteção de áreas sensíveis, como restingas e mangues.

 

Embora o absurdo da proposta do PL 1876/99 dos nossos representantes, é preciso considerar que a preocupação com a conservação da natureza vem se acentuando nos dias atuais, acenando para o despertar da consciência ambiental.

 

A preocupação com a destinação da Terra sempre norteou a busca dos pesquisadores, cientistas, filósofos, teólogos e ambientalistas que têm procurado demonstrar a inter-relação de todos os seres vivos e dos elementos abióticos que os cerca. Termos como ‘Conexões Ocultas’, ‘Teia da Vida’, ‘Gaia’, ‘Nave Mãe’, ‘Mãe Natureza’ tem sido recorrentes na mídia falada e escrita, como um apelo do Planeta aos habitantes menos vigilantes, que ainda não se aperceberam da situação de devastação, e quase irreversível, estabelecida pelas ações pouco éticas do ser humano.

 

No seu extraordinário “Cantico al fratte Soli”, Giovanni di Bernardone, o São Francisco de Assis (1182), conseguiu demonstrar um sentimento de amor indescritível pela Natureza, enaltecendo a grandeza da Criação.

 

Bem depois dele, em 1854, o chefe indígena Seatle proferiu um dos mais belos e profundos pronunciamentos já feitos a respeito da defesa do meio-ambiente, alertando contra a exploração predatória feita pelo homem branco, ao provocar desflorestamentos, a poluição da água, do solo, do ar, e ao dizimar e levar à extinção populações animais. Entre outras afirmações dizia: “Há uma ligação em tudo”. Na atualidade, essa verdade tem sido enfatizada nos trabalhos do físico teórico, escritor e ambientalista Fritjof Capra!

 

As atividades humanas, aceleradas desde o advento da Revolução Industrial, têm ocasionado seríssimos problemas de degradação ambiental e trazido como conseqüências fome, miséria, violência e morte, a ponto de comprometer, caso não sejam tomadas medidas urgentes, as condições de vida no Planeta.

 

A Terra está em convulsão: os fenômenos naturais que tem se intensificado nos últimos tempos, refletem a agonia do nosso planeta frente ao descaso e às agressões do ser humano.

 

É preciso que todos nós busquemos desenvolver ações que estabeleçam um novo tempo sobre a Terra – um tempo de paz, como sonhou Luther King, Maria Montessori, Paulo Freire, Chico Mendes e tantos nomes eméritos, que pautaram suas vidas pelo respeito ao homem e a Natureza.

 

Desde o advento do termo desenvolvimento sustentável, inúmeras ações têm sido organizadas, buscando sensibilizar a humanidade no sentido de mudança nos padrões de comportamento, de forma a proteger, conservar e preservar os recursos naturais e as condições de vida saudável para a geração presente e futuras. Para que isto ocorra, contudo é fundamental que a educação seja pautada pela ética, pelo respeito, pelo amor. O ser humano precisa desenvolver o sentimento de pertencimento e de afetividade pela Natureza. Segundo o conservacionista inglês Broad, “Na educação, reside a única esperança de se evitar a total destruição da Natureza”. Façamos nossa reflexão sobre o que estamos ‘plantando’ no presente, porque, indubitavelmente haveremos de ‘colher’!

 

Adriana Vital é professora da Unidade Acadêmica de Tecnologia do CDSA/UFCG


Data: 03/06/2011