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Hospital da FAP recebe nova turma de estagiários da UFCG

Presidida por professor da universidade, fundação assistencial promove o realinhamento de sua política de convênios

 

Atividade indispensável ao processo de aprendizagem, o estágio permite aos estudantes universitários colocarem em prática toda a teoria assimilada na sala de aula. Para os alunos do curso de Medicina da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), um dos principais campos de atuação, especialmente nas áreas de radioterapia e quimioterapia, tem sido a Fundação Assistencial da Paraíba (FAP), em Campina Grande.

 

No início do mês, mais um grupo de graduandos da instituição ingressou no Hospital da FAP para, além de aperfeiçoarem seus conhecimentos acadêmicos, constituírem sua formação profissional, prestando serviço à sociedade e auxiliando a equipe médica daquela entidade filantrópica. Até o próximo mês de outubro, 13 alunos integrarão os quadros da Cirurgia Geral e seis, os de Obstetrícia.

 

As visitas técnicas também têm sido instrumento essencial para a prática pedagógica dos cursos da área de Saúde. Elas, igualmente aos estágios e internatos, são rotineiras na FAP. Na próxima semana, alunos do sexto período do curso de Enfermagem da UFCG estarão recebendo ensinamentos no setor de Hemodiálise do hospital.

 

O presidente da FAP, e também professor da UFCG, Jairo Oliveira destacou a atenção dada por sua administração aos convênios firmados, especialmente com instituições de ensino público, e a busca pela ampliação do número de vagas para estágios na instituição. Para ele, “uma interação valorosa entre o aprendizado e a prestação de serviço que repercute diretamente na assistência médico-hospital aos menos favorecidos”.

 

Devido a esse realinhamento dos convênios à natureza filantrópica da fundação, Jairo Oliveira afirma estar vivendo um verdadeiro martírio, desde que começou a questionar e tentar adequar às características naturais da FAP, um acordo firmado pela administração anterior da entidade com uma faculdade privada.

 

De um convênio a um conflito

 

O convênio questionado foi, segundo a presidência, firmado de forma irregular pela antiga gestão - sem aprovação do conselho Deliberativo da FAP - e permitiu a apropriação de um espaço físico da fundação para instalação de uma estrutura personalizada e exclusiva da faculdade privada, indo de encontro aos princípios éticos da isonomia e do espaço comum para as instituições conveniadas.

 

De acordo com presidente da FAP, tal “laboratório particular” foi “desapropriado” pela atual gestão do hospital para ampliação do setor de Hemodiálise, então limitado em espaço e impossibilitado de receber novos equipamentos para suprir a atual demanda de atendimentos. Esse procedimento gerou o embargo da obra pela Justiça, numa ação movida pela faculdade.

 

No entanto, embora já esperasse resistência por parte da entidade privada, Jairo Oliveira disse ter se surpreendido com o posicionamento de alguns membros do conselho Deliberativo da FAP que, de certo modo inertes à questão, têm se pronunciado de forma tendenciosa aos interesses particulares da instituição privada.

 

“Não consigo entender, melhor, aceitar esse desvirtuamento de alguns membros do conselho, pois estamos defendendo a filantropia e o interesse público”, pontuou, mostrando-se desapontado com a oposição germinada por essa sua iniciativa.

 

“Além de atender aos padrões regulamentados pelas agências estadual e nacional de vigilância sanitária - entre eles, a distância mínima entre as macas -, e à solicitação da Promotoria da Saúde de Campina Grande - quanto à facilitação do acesso para os pacientes -, a capacidade de atendimento será ampliada - aumentando de 13 para 30 o número de máquinas de hemodiálise”, explicou.

 

O projeto arquitetônico que privilegia o conforto e a mobilidade dos pacientes, aumentando o setor em direção à parte frontal do Hospital e com rampa de acesso próxima ao terminal de transporte coletivo, está orçado em torno de R$ 30 mil. E, se não estivesse embargada judicialmente, a perspectiva era de que as novas instalações seriam entregues à população na segunda quinzena de setembro próximo.

 

Na semana passada, os reitores Thompson Mariz, da UFCG, e Marlene Alves, da UEPB, estiveram visitando a fundação e, segundo Jairo Oliveira, ambos lamentaram o embargo da obra de ampliação do setor de Hemodiálise e os prejuízos que estavam sendo causados, pelo entrave judicial, à população, às instituições e à própria FAP.

 

Uma placa no meio do caminho

 

Jairo Oliveira aponta a retirada de uma placa afixada na fachada lateral da FAP, que identificava a fundação como hospital escola da faculdade privada, o estopim para o disparate de interpretações a sua postura administrativa. “Tenho recebido vários títulos, como o de ditador e de truculento”, por ter seguido a orientação do curador das fundações, Dr. Clístenes Bezerra Holanda, que nos alertou para a ilegalidade de tal identificação - descaracterizando a natureza filantrópica da FAP”, disse, ressaltando que a ação fora endossada pela Procuradoria de Justiça.

 

A placa foi substituída por uma que evidencia o nome da Fundação Assistencial da Paraíba, tendo em segundo plano, no mesmo espaço, o nome das instituições conveniadas.

 

Perfil e projetos administrativos

 

Eleito por unanimidade para o triênio 2011-2013, o médico urologista Jairo Oliveira há cinco anos é o representante da UFCG no Conselho da Fundação Assistencial da Paraíba (FAP). Com 30 anos de serviços prestados à entidade filantrópica, considera-se maduro e com uma visão sistêmica da fundação. “Conheço o coração e as artérias do hospital, sei do fluxo e de sua capacidade de batimentos”, ilustrou.

 

Para seguir na diretriz “de ampliar e melhorar espaços e atendimentos, servindo ainda mais à população carente”, o presidente da FAP disse ter vencido uma boa parte das barreiras apresentadas na gestão de pessoal - conseguindo harmonizar a relação interpessoal de alguns setores e reposicionar o quadro funcional.

 

Na parte infraestrutural, além da reforma no setor de Hemodiálise, a atual gestão pretende modernizar e ampliar a UTI Adulto, adquirir uma nova Bomba de Cobalto – a atual encontra-se com a eficiência comprometida -, e buscar com o governo do Estado a aquisição de outro Acelerador Linear, ampliando a capacidade de atendimento.

 

Embora reconheça que os serviços de Radioterapia, Quimioterapia e Hemodiálise sejam os pilares de sustentação orçamentária da FAP, cujos faturamentos pagam a folha de funcionários e boa parte dos fornecedores, Jairo Oliveira disse que não irá preterir nenhum dos outros serviços prestados, com as intervenções cirúrgicas particulares, conveniadas.

 

(Marinilson Braga - Ascom/UFCG)


Data: 25/08/2011