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ARTIGO - 2012 e a Sucessão nas Universidades I - Thompson Mariz


Em 2012, tanto aqui na UFCG quanto na UEPB e UFPB, teremos eleições para reitor. Salvo melhor juízo, penso que aqueles candidatos que enveredarem pela ideologização ou demonização das ações que ora os atuais dirigentes implantam podem incorrer em erros primários.

Primeiro, nenhum dos atuais dirigentes postula os cargos, o que significa dizer que a discussão ficará desfocada, porque estarão falando de quem ainda está no cargo (atiçando vaidades e egos, por conseguinte!) e que muito poderes ainda possuem, que muitos amigos lhes dedicam amizades verdadeiras, lealdades aos projetos acadêmicos e administrativos por eles implantados, de sorte que eles podem, ao sabor do calor da disputa, sair em socorro (legítimo) aos candidatos por eles indicados para sucedê-los!

Segundo, mais desfocada ainda ficará a discussão se subirem o "tom" para falar das políticas do Governo Federal. Os avanços nesses últimos nove anos são extraordinários, em qualquer área. São 28 milhões de pessoas retiradas da pobreza extrema, por meio da Bolsa Família; o PROUNI, gostem ou não, ajudou mais de 300 mil alunos a entrarem e permanecerem no Ensino Superior; o FIES vai no mesmo diapasão; a Expansão e Interiorização do Ensino Superior Público Federal, além de propiciar oportunidade de acesso a esse nível de ensino a milhares de jovens brasileiros antes excluídos, também contribuiu para o fortalecimento das economias locais, gerando emprego, renda e cidadania, ou seja, desenvolvimento.

Penso, por conseguinte, ante o arrazoado acima esposado, que o debate deverá ser norteado pelo que há de mais nobre numa instituição de ensino superior e que lamentavelmente não foi possível empreender nessa direção (falando aqui apenas da UFCG): 1) reestruturação dos projetos pedagógicos dos cursos; de sorte que os docentes possam desaforgar-se das atribuições de sala de aula para dedicarem-se as atividades de pós-graduação e pesquisas, que tenham relevância social; as atividades de extensão, que promovam a interação com a sociedade, preferencialmente os setores produtivos que podem retribuir e, sobretudo, os excluídos que carecem do apoio de um órgão de Estado, que promove ações sem interesses subjacentes e inconfessáveis; 2) revisão do arcabouço normativo, Estatuto e Regimento Geral, principalmente. Essas duas peças são, paradoxalmente, vanguardistas e atrasadas! Há um ranço de origem que se perpetua e não há mais razão para sua manutenção;
3) consolidação dos cursos criados no âmbito do REUNI. Aqui a questão não foi só açodamento, como pensam alguns, mas muito da cultura histórica do brasileiro de que vamos criar o problema que as coisas depois se "ajeitam". Cursos criados com um contigente de professores sabidamente insuficiente para dar conta de todas as atribuições inerentes ao mesmo. Repactuar, seja no MEC, quando o quantitativo já não atende porque ocorreram mudanças na legislação federal pós Reuni, seja internamente, quando se fizer necessário, tal como: anualidade no acesso, cumprimento a carga horária mínima de 8 (oito) horas de trabalho na docência, entre outras medidas bastante simples; 4) expansão da UFCG nos moldes propostos pela SESu (câmpus deve ter, no mínimo, 10 cursos de graduação), criação de cursos e Pólos Educacionais, embora tenhamos 2,7 vagas públicas por mil habitantes penso que ainda existem na Paraíba vazios educacionais que precisam ser preenchidos; 5) a internacionalização da UFCG é premissa fundamental para a inserção da nossa graduação e pós-graduação no cenário nacional e internacional, propiciando maior qualidade do ensino ministrado e da pesquisa realizada, com intercâmbios de alunos e pesquisadores, daí porque o Programa Ciência sem Fronteiras é fundamental para a UFCG; e 6) um Reuni para a pós-graduação. Aqui, de fato, precisaríamos reestruturar a pós-graduação para depois pensarmos na sua ampliação.

Quem pensar que ganha disputa na velha e surrada prática de desqualificar o adversário sem apresentar proposta, de forma consubstanciada, com credibilidade e história, sinceramente, pode anotar: vai naufragar, vai perder a disputa, vai ser derrotado.

 

Thompson Mariz é o reitor da UFCG


Data: 22/12/2011