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Estudantes do CDSA aplicam na prática os conceitos da Agroecologia através da produção sustentável

Um projeto em andamento no Centro de Desenvolvimento Sustentável do Semiárido da Universidade Federal de Campina Grande, em Sumé, está proporcionando a estudantes do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia a experimentação de técnicas de cultivo de vegetais de forma orgânica e consorciados com a criação de galinhas caipiras e utilização de irrigação por declive. Trata-se do Programa “Produção Agroecológica Integrada Sustentável (PAIS)”, instalado no Centro através de parceria do Núcleo de Produção Agropecuária do CDSA com o SEBRAE.

 

Esta unidade do PAIS está permitindo que estudantes do curso de Tecnologia em Agroecologia possam exercitar os conteúdos vistos em sala de aula. Além de ampliar os seus conhecimentos, o projeto permite a aplicação do conceito de sustentabilidade e de alternativas de produção para as comunidades rurais, uma vez que há a integração dos alunos com alguns produtores da região que também receberam o experimento.

 

Os alunos Vera Lúcia Nunes, Carolina Monteiro, Daniel Vilar, Hérica Rayane, Rodolfo Antonino, Márcio Fernandes, Ezequiel Sóstenes, Romário Lacerda e Larissa Brito, todos do 5º período do curso de Tecnologia em Agroecologia do CDSA, orientados pela professora Carina Seixas Dornelas, coordenadora do curso, participam do projeto, destes, cinco são bolsistas e os demais voluntários. Nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, esses estudantes passaram por uma capacitação para a instalação e manutenção da Unidade. No local, já estão sendo produzidas diversas hortaliças e legumes.

 

Os estudantes estão adquirindo conhecimento diariamente, exercitando e experimentando as técnicas agroecológicas, buscando alternativas que gerem equilíbrio e controle biológico de pragas sem o uso de agrotóxicos. “Essa prática tem o objetivo de evitar a dependência de insumos externos no processo de produção e isso para nós, é um aprendizado ímpar, quando podemos vivenciar a realidade vivida pelos produtores do campo”, disse Vera Lúcia.

 

“Para os estudantes o projeto objetiva o desenvolvimento e implementação de sistemas agrícolas sustentáveis, os quais dependem de mudanças profundas do paradigma local e regional. A utilização do conceito de sustentabilidade exige uma reflexão sobre a possibilidade de se instituir políticas públicas para alcançar um desenvolvimento rural de caráter sustentável, o PAIS vem transformando realidades rurais, proporcionando uma melhoria na alimentação, na produção e participação na economia local através de vendas dos produtos em feiras agroecológicas”, lembra Vera Lúcia Nunes. “Nós, que estamos envolvidos nesse projeto, temos a certeza de que é preciso que a produção seja competitiva economicamente, e não há motivo algum para que não seja, há exemplos de redução de custos e aumento da lucratividade com a adoção de princípios agroecológicos”.

 

A professora Ana Cristina Chacon Lisboa, coordenadora do Nupagro, falou que é mais uma oportunidade para que os alunos possam praticar e aprender sobre o manejo das hortaliças e da produção de galinhas. Ela informou que esses alunos também atuam no projeto prestando assistência técnica aos produtores rurais que também receberam do SEBRAE unidades desse sistema. “Os alunos estão sempre no intercâmbio entre o PAIS e o produtor rural, funcionando da seguinte forma: o aluno vai até o produtor e quando detecta uma praga ou uma doença nas plantas ou nas galinhas, trazem o problema para avaliação por professores das áreas de estudo envolvidas. É feita a discussão do problema para que seja indicada a solução ao produtor”.

 

De acordo com o estudante Ezequiel Sóstenes, o PAIS é um projeto que trabalha de forma bem próxima ao tripé do desenvolvimento sustentável que é uma produção ambientalmente correta, socialmente justa e economicamente viável. Ele explica que “é economicamente viável porque todo o processo de produção requer um custo mínimo para o agricultor e ele recebe do Sebrae a maior parte dos equipamentos necessários para essa produção, tendo como contrapartida apenas alguns incrementos nessa produção como no caso, a construção para a base da caixa de água; é um projeto ambientalmente correto porque requer um espaço pequeno para a produção, ou seja, o desmatamento  não é necessário, haja vista que as pequenas propriedades da nossa região em geral já dispõem dessa área; por fim, é um projeto também  socialmente justo porque abraça as famílias mais carentes, o custo de produção é mínimo e também é trabalhada a questão da segurança alimentar em que essas famílias poderão aumentar e melhorar sua alimentação decorrente da produção advinda do PAIS e ainda poderão comercializar os produtos excedentes”.

 

O estudante Daniel Vilar, disse que a participação dos alunos no projeto potencializa todo conhecimento que é apreendido em sala de aula. Ele lembra que “a sociedade é quem ganha com isso, pois contará com assistentes técnicos capacitados, já que a união da prática com a teoria vai permitir um melhoramento profissional. Esse sistema de plantio/criação de galinhas é uma tecnologia social que tem eficácia comprovada. Estamos vivenciando isso”.

 

Na outra ponta do projeto, o agricultor Pedro Ferreira de Lima (54 anos), que está produzindo pimenta, couve, couve-flor, brócolis, alface, rabanete, tomate, pimentão, berinjela e outras hortaliças sem o uso de agrotóxicos, diz que vê vantagem nesse projeto e destaca a economia de água e de energia, pois “para a irrigação do plantio não é necessário o uso de bomba elétrica e é feito por gotejamento. Tenho outras plantações no meu sítio e acho que com esse sistema elas crescem mais rápido. Dá para irrigar duas vezes ao dia e sem desperdício de água. Estou produzindo para consumo da família mesmo e o que sobra, levo para vender na feira da cidade”.

 

(Rosenato Barreto - CDSA/UFCG)


Data: 10/08/2012