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Em Dia com a Poesia

Soçobrar

 

Por intervalos, entre espaços desocupados,

Separados Por muros que definem proteção.

Por entre alcantis que definem o medo,

Reprimem a firme certeza de não poder ter dúvidas.

A constante de desejos frustados,

A corda frouxa dos pensares infinitos,

 O  proprio grito arremessado

Dentro de uma prisão de sonhos.

O forte desejo a se desprender do conteúdo

Um ponto sem definição  em busca do apoio.

Uma conquista sem luta perfaz a volta ao mesmo lugar,

Há de amargar a frouxidão dos iludidos.

Reminiscências detalhadas sugerem uma viagem em busca ao  aconchego

Onde o desprezo persegue e impede a visão completa do estável.

O grave dever de persegui o gosto imposto

Só serve para...     deitar e dormir

Por entre lençóis e travesseiros. 

 

Chicão de Bodocongó

Campina Grande, 14 de julho de 2007 

Às 21h15min 

 

Soçobrar 1 – inverter, revirar. 2 – mar, emborcar virar, ir a pique, naufragar afundar(se), submergir(se). 3 – reduzir(se)  a nada, acabar (com) aniquilar(se). (a própria vida ). 4 – torna-se desvairado, agitar(se), perturbar(se). 5 – pôr-se em perigo, perder(se), afundar(se),. 6 – perder a coragem, o ânimo, desanimar, esmorecer, acovarda-se.

 

 

Mais um dia

 

Apara de barba fica presa na pele

Da boca expele o mau hálito

O hábito não o torna monge

A solidão não o afasta dos demais

Alias, o transforma em mais um

Do grupo dos esquisitos

A ver o mundo a rodar.

Apelar para absurdos

É ainda o que melhor sabe explorar:

Viagens para além de São Saruê

Pasargada, em plena madrugada,

Espalha as brasas que guarda em seu íntimo,

Vê o sol surgir e a passarada assanhada trila

As melodias das cinco da manhã

Nhã-nhã-nhã-nhã-nhã-nhã repetitivo do rádio

O faz despertar e esquecer que sonhou.

Ao que tudo parece saberá entender a vaidade

E armado com a realidade vai a luta.

 

Chicão de Bodocongó

Campina Grande, 23 de setembro de 2007  

Às 23h44min 

 

 

(Mudo e surdo)

as baterias 

 

As baterias estão fracas,

Arcas que guardam energia

 para ser usada

No dia a dia monótono.

É preciso carrega-las de elétrons,

Suga-los seja de onde for

E esquecer o tempo que passa:

Teremos mais uma etapa a superar.

Bela receitas estarão a disposição

De quem possa ainda usufruir

Da recarga, cumprir o ritual dos famintos

Abdicando de tudo que quer, ( mudo e surdo ).

 

Chicão de Bodocongó 

Campina Grande, 29 de setembro de 2007 

Às 11h07min  

 

 

Ah!

 

Desastrados são os olhares,

Querem, mas, não sabem medir

O espaço perdido,

 Confundidos, afogam-se

nos mares nunca antes escolhidos.

Corrompidos pelo tempo,

Esmeram-se em dar um bom exemplo,

Extrovertidos, esperam ser bem servidos

Por quem o tratou mau.

Animal superior, todos que  cruzam por ele

São escravizados e posto em grilhões

E exportados como mercadoria de luxo.

O lucro fazem todos caminharem para o desastre.

Tratados como trastes pedem que o tratem

Com todo cuidado por um navegante que cuida bem da carga do navio.

Serão todos praticantes de uma pirataria,

Onde o chefe dos piratas tem o cognome de almirante

E decreta guerra ao  ser que se faz herói.

Herói dos anseios à vida comum,

Onde todos sobrevivam ao naufrágio,

Superando  os presságios de aves agourentas.

Resistência consciente dos limites impostos ao seu caminhar.

Define as fronteiras para transpor o passado

Seguindo para o futuro ao representar  idéias reais no presente.

É o inevitável que denuncia o mentiroso modo de ver,

Explicando para todos o direito de viver bem,

Recomendando a fuga da subserviência,

Onde os escravos permanecem os mesmos coitados,

Subordinados a mesma tarefa diária.

Não deixa-se levar pelo controle dos músculos

E torne-se eclético no manejar das idéias

 Negando-se  aos desejos aflitos e indecisos.

Contradizendo os negócios escusos

Terá  uma disposição de participar com todos,

Porém o que está pensando?

A Vida

 

Negócios escusos, mas, a sua negação

É pura bravura, bravura que não o leva a fuga

E combate os festejos sociais, onde os Eventos alegres

Reduzem os tolos a uma massa, donde todos são iguais,

Para quem os escraviza e retira deles o ouro que o

Alimenta de sordidez e avareza.

É no prêmio que pensam, pensam na recompensa

Dos filiados ao mau que se trajam de mau,

Mas padecem do mal dos derrotados,

Subordinados e subornados.

Feras soltas na intenção do sobreviver indigno

Que pensam galgar os limites do poder

 se incriminam nos momentos de decadências.

Os recrutas morrem, os mortos são logo digeridos

Em plena batalha para dar espaço à novos contendores

Que irão alimentar a maquina com esquisitas criaturas:

Mistura de seres necessitados com outros seres imprestáveis.

Os botequins estão limitados aos prazeres, e irreverentes,

Decadentes, escolhe-se outros para serem convertidos

Em clones, onde com a indução, esperam transforma-los

E conduzi-los: cada qual vai servi da melhor maneira.

 

A vida

Ela  se expande...

Haverá uma causa?

Haverá um meio

Que a faz expandir?

Nada a imobiliza

Nada a apreende

É surpreendente

A mente livre pede explicação

Mas não encontra resposta.

Contra tudo que é racional

Ela permanece incompreendida

 

Chicão de Bodocongó

Campina Grande, 10 de agosto, de 2012 

Às 11h16min

 

 

Enquanto dormes

 

Enquanto dormes!...

Tudo acontece.

O mundo dá mais uma volta

A lua muda de faze

O sol nasce e recolhe-se no horizonte

As arvores são destruídas

Os políticos fazem conchavos

Contra o seu povo:

Os assaltos ao erário são intensificados.

Os partidos dividem o butim eleitoreiro

E os capatazes vorazes

Perseguem e matam inocentes uteis.

 

Chicão de Bodocongó

Campina Grande, 20 de agosto de 2012

Ás 14h11min


Data: 31/08/2012