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Auditório da Reitoria da UFCG muda de nome em solenidade especial

Espaço passa a se chamar João Roberto Borges de Souza, em substituição a Guillardo Martins

 

No momento histórico vivido pelo País, em que a sociedade sai às ruas reivindicando mudanças, a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) revela o outro lado de uma página de sua história, relegada ao esquecimento pelas feridas de um período de repressão e perseguições.

 

Na manhã desta sexta, dia 28, a UFCG retificou uma “homenagem” que tanto incomodava sua comunidade acadêmica. Em sessão solene do Colegiado Pleno do Conselho Universitário, seguida do descerramento da placa, foi oficializada a mudança do nome do auditório da Reitoria, de Reitor Guillardo Martins Alves para Auditório João Roberto Borges de Souza.

 

Guillardo Martins, à época capitão do Exército, foi nomeado interventor na UFPB com a destituição do reitor Mário Moacyr Porto, em 1964. Durante o seu reitorado, segundo o conselheiro Luciano Mendonça, autor da proposta de mudança, a instituição viveu “uma das páginas mais tristes e sinistras de sua história, com a instalação de um verdadeiro clima de terrorismo”.

 

Em 1969, o estudante de Medicina João Roberto Borges foi impedido de continuar sua formação acadêmica, em represália à sua militância nos movimentos estudantis. Em outubro daquele ano, seu corpo foi encontrado em um açude do município de Catolé do Rocha, no Sertão paraibano, e sua morte atribuída aos órgãos de repressão.

 

“O martírio de João Roberto Borges de Souza, e de muitos de seus companheiros de militância e geração, não foi em vão, pois seu exemplo contribuiu para manter a chama acessa da resistência contra o Regime Militar”, ressaltou Luciano Mendonça.

 

Presidida pelo reitor Edilson Amorim, a solenidade foi marcada por depoimentos emocionados que renovaram lembranças de acontecimentos traumáticos “de um tempo que precisa ser recontado”.

 

Estiveram presentes os irmãos do homenageado, Fernando e Heloisa Borges; membros da Comissão Estadual da Verdade e Preservação da Memória da Paraíba; e a deputada federal Jô Moraes (PCdoB - MG), paraibana de Cabedelo e noiva de João Roberto, quando ele foi perseguido e torturado.

 

Ao encerrar seu pronunciamento, a deputada Jô Moraes declamou uma poesia de sua autoria, escrita em 11 de dezembro de 1971, época em que vivia clandestinamente no Rio de Janeiro, fugindo da Repressão.

 

Veja aqui a poesia.

 

(Marinilson Braga - Ascom/UFCG - 28.06.13)


Data: 28/06/2013