topo_cabecalho
Cursos de engenharia com melhor desempenho têm mais de 50 anos

São muito diferentes cinco das mais destacadas instituições de ensino de engenharia no RUF (Ranking Universitário Folha), publicado na segunda-feira (9).

 

Em termos de porte, há tanto a USP, que recebe 2.000 alunos ao ano só em engenharia, quanto pequenas instituições militares, como o ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutico), de São José dos Campos, e o IME (Instituto Militar de Engenharia), do Rio de Janeiro, que recebem respectivamente 120 e 97 alunos.

 

Fora do Sudeste, destaque para a Universidade Federal de Santa Catarina, campeã em engenharia mecânica e de produção. Entre as particulares, vai bem o Centro Universitário da FEI, de São Paulo, de São Bernardo do Campo (SP).

 

Se as diferenças são grandes, todas as instituições tem algo em comum: a idade.

 

A FEI surgiu como Faculdade de Engenharia Industrial em 1946. O ITA, em 1950. A Escola Politécnica da USP existe desde 1893.

 

O IME teve origem na Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, criada em 1792, e tem o atual nome desde 1959. A UFSC, a mais jovem, abriu seus cursos de engenharia no começo dos anos 1960.

 

Essa tradição é um ativo valioso das instituições para atrair bons alunos, e isso é decisivo em engenharia.

 

Se o conhecimento em humanas é menos dependente de pré-requisitos --é possível estudar história contemporânea sem passar pela história antiga, por exemplo --, o aluno de ciências exatas tem de dar um passo de cada vez.

 

GAP da escola

 

Deficiências herdadas do ensino fundamental e médio são, assim, um problema maior em engenharia do que em outros cursos.

 

Há, no Brasil, cerca de 500 mil alunos de engenharia. Os professores da Unicamp Fernando Paixão e Marcelo Knobel calculam, porém, pelos dados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes), que há apenas 122 mil jovens com conhecimentos básicos suficientes para acompanhar um curso de engenharia no país.

 

"Esse número ainda cai, porque evidentemente há estudantes com habilidades mínimas que optam por outras carreiras", defendem.

 

Com vestibulares concorridos, as melhores universidades resolvem, ao menos em parte, essa questão. A menos concorrida das citadas, a FEI, tem cinco candidatos por vaga de engenharia no período diurno.

 

"A tradição ajuda também no sentido de que abrir uma nova faculdade de engenharia exige um investimento muito grande, de laboratórios ao recrutamento de professores altamente especializados. E os laboratórios são fundamentais em um bom curso de engenharia", afirma a vice-reitora da FEI, Rivana Marino.

 

Santa Catarina

 

No caso da outra surpresa no RUF, a UFSC, dois fatores ajudam.

 

Primeiro, a localização. Santa Catarina é, segundo o IDH, o Estado com a segunda melhor educação básica do país.

 

Além disso, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná são a origem de quase um quarto dos alunos da instituição, que prestam vestibular atraídos por Florianópolis e pelo nome da instituição.

 

Além disso, Santa Catarina tem uma importante indústria mecânica, e cidades como Blumenau e Joinville reúnem empresas de engenharia de diversos portes.

 

Isso não quer dizer que não existam problemas, mesmo nas melhores. Especialistas consideram que o currículo das graduações em engenharia no Brasil não prepara completamente o aluno para o mercado de trabalho.

 

"Mesmo as melhores universidades não oferecem o ferramental técnico adequado para o mundo dos projetos. Aproveitamos a capacidade analítica do bom aluno, mas ele tem de aprender muita coisa por aqui. Brincamos que, nesta área, para a pessoa ter dez anos de experiência demora uns 12 anos", diz Rodrigo Moralez, diretor de engenharia da Progen.

 

(Folha.com)


Data: 12/09/2013