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Artigo - O voo dos verdes lobos guarás

Wagner Braga Batista

 

 

Há dois tipos de guarás. Os mamíferos, da familia dos lobos. E as aves vermelhas. De bico recurvado, de penas vermelhas, também conhecidas como ibis, originárias  do rio Nilo, na Africa.

 

Às margens do delta do Parnaiba, entre o Maranhão e o Piaui, vemo-nos navegando sobre asas cansadas de cavalos marinhos em extinção à mercê de voos ameaçadores de lobos guarás falsificados.

 

Diversamente das aves guarás com penas vermelhas, os lobos guarás sofrem regulares metamorfoses.  Recentemente incorporaram penas verdes aos seus pelos pontiagudos. Deste modo, como terríveis predadores, transitam e se adaptam a ambientes diversificados. Este notável mimetismo, não permite identificar sua fisionomia, sua performance e seus voos ameaçadores.

 

Fiéis à etimologia da palavra indigena,  awa rá, penas para enfeitar, lobos guarás utilizaram-se de penas verdes para dissimular seus  voos, para enfeitar os reais objetivos abrigados sob suas asas.

 

Ágeis e sagazes, lobos guarás verdes, aprenderam a flanar. Encobertos por penas verdes, confundem-nos. Deste modo, dissimulam sua direção e seu norte, sempre que se aventuram em novos voos.

 

Graças ao marketing,  guarás de penas verdes se apropriaram da mística dos cavalos marinhos, ameaçados no delta do Parnaiba.

 

Enquanto uns nadam e voam suavemente sob águas do rio, outros  apresentam a voracidade das aves de rapina. Dos voos projetados pelo marketing,  pelos rasantes  especulativos, pela tenacidade de garras destinadas a arrancar  recursos de Ministérios Públicos para o patrocínio da lucrativa autossustentabilidade, privativa de negócios   verdes.

 

Saídos das brenhas do cerrado, os voos dos lobos guarás verdes se irradiam de Brasilia para o resto do Brasil.  Voos sinuosos que buscam a nebulosidade para não desvelar sua rota. Deste modo, lobos esvoçantes também chafurdam e se embrenham em lodaçais onde coabitam  cururus, serpentes, raposas e tucanos.

 

Onívoros, os lobos guará de penas verdes, alimentam-se de tudo e de todos.

 

Diversamente das aves guarás, que dormem nas copas de árvores e comem caranguejos de mangues, cujo pigmento rosáceo dá cor a suas penas, os lobos guará se acolhem em redes manipuladas por  ONGs.

 

Onivoros, sua dieta se beneficia de toda sorte de recursos públicos e de negociatas privadas. A fome luperina é insaciável e devastadora. No entanto jóvens ingênuos e pessoas incautas não  creem no tamanho de seu apetite, tampouco nas dentadas de seus caninos verdes.

 

Encobertos pelo  marketing de grandes instituições financeiras e de empresas promotoras dos greenwashing, lobos guarás verdes obrigam-se, sazonalmente, a se esquivar do  ambientalismo em prol da saúde de seus originais pelos marrons.

 

Nestas épocas do ano, são devotos do pragmatismo. À véspera de eleições ou em meio a escassez de recursos públicos, veem-se na contingencia de migrar em busca da predação de seus nichos sustentáveis.

 

Desaparecem de gabinetes burocráticos e ambientes climatizados. Tampouco são encontrados em arbusto, remanescentes da decastação do árido território de Brasilia.

 

Nestas ocasiões, os lobos verdes tornam-se ululantes como torcidas de futebol.

 

Substituem sua avidez de sustentabilidade por sistemática denúncia do “chavismo”. Esta doença terrivel, que contaminou juizes liberais, alguns dos quais participes isentos e escrupulosos do julgamento do mensalão. Agora, acometidos desta doença, são denunciados como linhas auxiliares do petismo chavista, do demo e de seus afiliados étnicos, os verdadeiros guarás de penas vermelhas.

 

Esvoaçantes e indignados, declinam de redes autossustentáveis e migram para seus nichos de origem, as insustentáveis motivações de suas redes de apoio.

 

Em Brasilia onde tudo é possível, enquanto as aves guarás vermelhas ocupam árvores do Parque da  Cidade,  os lobos guarás verdes infestam ministérios e agências financeiras. Tentam se aninhar em poderes públcios e em galhos licenciosos de programas sociais de lavagem de recursos financeiros.

 

Cobertos da fuligem, da imundicie e da corrupção, os guarás vermelhos valem-se do mimestimo que lhes permite viver nesta de Brasilia.

 

Nestas oportunidades, podemos perceber rituais de acasalamento e a inconciliavel aversão  entre lobos guarás de penas verdes e verdadeiros guarás de bico torto.  Observamos também que ardorosos defensores da diversidade, renegam suas origens e sua etnia. Não cruzam, em hipótese alguma, com autenticos guarás vermelhos, procedentes da Venezuela, acusados de adesão ao chavismo..

 

A lingua portuguesa, tão rica, concede-nos esta licença. Nominar lobos de penas verdes, aninhados em gabinetes e ambientes climatizados,  e aves de cor vermelha com o mesmo nome.

 

Enquanto as aves são graciosas e generosas, os lobos são fiéis a sua origem.

 

Os lobos verdes optaram pela pureza racial e pela limpeza étnica. Sem nenhum escrúpulo,  falsificados guarás de penas verdes reivindicam-se da autentica identidade de seus pares. Autossustentáveis por natureza e vocação, reclamam a pureza e a licenciosidade do verde, sem qualquer resquicio de tonalidades vermelhas.

 

Procurá-los nas matas e na natureza torna-se um exercício exaustivo e infrutífero.

 

Em Brasilia, os lobos guarás verdes proliferam. São vistos em locais que atentam contra sua manifesta intenção ambientalista. Como em todo Brasil, podem ser encontrados a frente de falaciosos negócios autossustentáveis, de instituições financeiras praticantes da especulação higida e de empresas éticas,  que falsificam a realidade social em prol da sua assepcia.

 

 

Wagner Braga Batista é professor aposentado da UFCG


Data: 07/10/2013