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Artigo - Padrão FIFA

Wagner Braga Batista

 

 

A FIFA foi criada em 1904.

 

Ao longo de oito décadas adquiriu visibilidade, transito em várias esferas  sociais e inegável capacidade de adaptação ao mundo dos negócios.  Podemos dizer que se converteu num organismo complexo que conjuga diversificados  interesses esportivos, político, economicos e publicitários.

 

Sua capacidade de intervenção em alguns países suplanta o poder de dissuasão de organismos e agencias multilaterais constituidos atenuar dissensões internacionais.

 

Reza seu  Estatuto que se propõe o aprimoramento do futebol mundial. Na prática tem contribuido fielmente para sua degradação.

 

 Além do Congresso, realizado em Zurique, na Suiça, no qual campeiam paladinos da cooptação e do suborno de dirigentes de Federações nacionais, a FIFA dispõe de  Comitê Executivo e Secretária Geral, que têm se notabilizado por ações e pronunciamentos pouco condizentes com seu proclamado  fair play.

 

Valendo-se de métodos obscuros, a FIFA  rivaliza com a ONU na montagem de estratégias de poder e de dissuasão em escala mundial.

 

Para que tenhamos a dimensão e o alcance dos seus tentáculos, faz-se representar por meio de Federações sediadas em 209 países. Sua extensão suplanta a abrangência da ONU, que congrega apenas 193 nações.

 

A ONU vê-se não só diminuida em sua amplitude, como também depreciada pelo marketing desta engrenagem que articula negócios escusos e políticas de bastidores. Graças à imagética do marketing a FIFA é apresentada mundialmente como a ONU do futebol.

 

Práticas democráticas tampouco são virtualidades da FIFA.

 

 Suas decisões estratégicas são adotadas em petits comités.

 

Assim como a ONU, que confere prerrogativas ao  seu Conselho de Segurança, a FIFA também dispõe de seleto e restrito núcleo duro, responsável pela formulação de suas  principais diretrizes.

 

Este núcleo decide e fixa estratégias, comumente homologadas pelos dirigentes das demais federações.  Esta nova nomenclatura, que delibera sobre negócios do futebol, é composta por cerca de vinte membros.

 

Na década de 1970, João Havelange transitou da  Confederação Brasileira de Desportos-CBD, onde se abrigou duarnate 18 anos como dirigente, para a presidência da FIFA, onde permaneceu de 1974 a 1998. Na sua gestão introduziu multinacionais nos negócios futebolísticos. Premiou a Coca-Cola, patrocinadora de sua campanha presidencial, com favores publicitários que serão disputados e negociados, a seguir, por outras empresas deste mesmo porte nos bastidores da entidade. 

 

A partir daí, a FIFA se notabilizará como plataforma do marketing em escala global, que colocara em segundo plano as nacionalidades e identidades cultivadas pela tradição esportiva.

 

Em 2006, vieram à tona as relações promíscuas entre a FIFA e corporações transnacionais,  alimentadas a peso de ouro ,durante a gestão João Havelange. Havelagem foi precurso da manipulação de padrão de excelência, disseminado por esta agência de negócios futebolísticos,  atualmente endossado pela midia oligárquica e pela clientela política beneficiária de favores da FIFA.

 

Esta relação espúria contribuiu para a formação de redes de footbusiness e de corrupção concentradas em algumas corporações que irradiam seus negócios para todo o mundo.

 

No Brasil esta prática teve seu expoente mor em Ricardo Teixeira, presidente da CBF, ex-genro de João Havelange, que agraciou seu sucessor, José Maria Marin, com sua proeficiente metodologia de administração destes negócios.

 

Seu sucessor, Joseph Blatter, há quinze anos preside a FIFA.

 

Este baluarte da restauração liberal no mundo do futebol pouco espelha a democracia, a ética, a transparência e a rotatividade no poder, valores indisponíveis no mercado das ações da FIFA.

 

O caixa da FIFA cresce exponencialmente a cada ano. Em 2013, estima-se que o futebol movimentará recursos da ordem de um trilhão de reais. Esta movimentação financeira só é menor do que o PIB de dez  países.

 

A luz destes dados, podemos inferir que o futebol abdicou das inclinações romanticas e caiu de vez nos braços da licenciosidade. Amoldou-se, pragmaticamente, a estratégias políticas e economicas, que o converteram  num escuso e abjeto negócio.

 

Este é o padrão FIFA que adotamos como referência.

 


Data: 30/10/2013