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Artigo - Não há mais neoliberais como antigamente

Wagner Braga Batista

 

 

Após a hecatombe que devastou economias centrais e periféricas, as politicas neoliberais cairam em descrédito.  Em tese, nào há quem as avalize e as objeções ao neoliberalismo  sào unívocas.

 

Sem hesitar, todos batem no peito e se declaram particípes da cruzada anti-neoliberal.  De terno e gravata, até mesmo portadores do rosário do Consenso de Washington, também se dizem avessos a esta doutrina.

 

Aparentemente não há mais neoliberais sob a face da Terra.

 

Eco-narcisistas,  fiíes aos compromissos ambientalistas com grandes grupos financeiros, renegam esta crença, mas apiedados fornecem seus préstimos e estendem suas redes para a resgatar esta espécie da extinção.

 

Porém algo nos surpreende. Neste cenário de escassez de neoliberais personificados há  abundância de liberalismo.

 

Possivelmente, programas e políticas neoliberais, sem identidade e sem autoria, sejam como fantasmas que nos assombram, não têm existência própria, porém provocam e coexistem com nossas penúrias.

 

Estes fantasmas saem pelos ralos das cozinhas, de banheiros e pelas políticas de governos de coalizão. Surgem de programas de empresas socialmente responsáveis, de negócios filantrópicos de grandes grupos financeiros e, sem cerimônia, participam de bailes de fantasia em institituições públicas.

 

Não há mais liberais autenticos,  como os de antigamente, enxovalhados pelo coro dos descontentes, que hoje se locupletam pelos favores de mãos obscuras do nosso estimado erário.

 

Não há mais neoliberais como antigamente, porém a licenciosidade liberal ainda campeia.

 

Passeia  viçosa  pelos três poderes, pelos corredores ministeriais, pelos gabinetes de instituições públicas e veste as fantasias dos que batem no peito e interpretam este filme hediondo, que só oferece papel para mocinhos .

 

Nesta encenação só há mocinhos  qualificados, não há mais quem faça o papel de bandidos.

 

Os mocinhos, militantes de si mesmos, são figuras impolutas. Ora,  disputam lugares de honra nos sindicatos do liberalismo, ora festejam a licenciosidade das  administrações públicas.

 

 

Wagner Braga é professor aposentado da UFCG


Data: 10/12/2013