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ARTIGO - Sobre a adesão da UFCG ao EBSERH

Wagner Braga Batista*

 

Amanhã o Conselho Universitário rediscutirá a adesão da universidae a EBSERH.

 

Afastado das atividades docentes, vemos com apreensão esta iniciativa da Reitoria. Dois  aspectos  devem ser destacados:

 

·         A discussão original no CONSUNI, precedida de intenso debate e mobilização de toda a comunidade universitária,  culminou  com votação de 36 votos contra apenas 04 favoráveis à adesão.

·         A retomada desta discussão, no final do ano, quando a universidade sofre visível esvaziamento, é preocupante

 

Algumas considerações iniciais devem ser feitas, sem entrar no mérito da questão.

 

Diversamente de muitos companheiros, com os quais nos identificamos ideologicamente, entendemos a eleição do prof Edilson como um fato positivo. Acreditávamos, e continuamos a crer, que é um professor comprometido com a educação pública, defensor de preceitos democráticos, dotado de qualificações e de sensiibilidade para administrar uma universidade que se amplia e se torna mais complexa.

 

Na UFCG, como em todas instituições públicas, emergem novas tensões.

 

A instituição enfrenta conflitos, pouco transparentes,  que colocam em questão seu caráter público e sua função social. Vivencia o embate entre projetos distintos, que por meio de estratégias e mecanismos sutis, estabelecem a disjunção entre a defesa da educação publica, gratuita e de qualidade e proposições que a tornam mais permeável à ingerencia de forças internas e externas, francamente privatizantes, elitistas e excludentes.

 

Portanto, não vimos com estranheza a posição do CONSUNI contrária à adesão a EBSERH em 29 de outubro de 2012.

 

A rejeição do honesto e corajoso arrazoado do parecerista, bem como da posição favorável do então Reitor, pela quase totalidade dos membros do CONSUNI foi consoante com as expectativas e as manifestações da comunidade universitária.

 

Daí a surpresa frente à retomada desta discussão em curto período de tempo.

 

Toda decisão democrática pode ser revista. Contudo convém examinar o contexto e o momento nos quais se cogita promover esta revisão.

 

Se há novos e plausiveis argumentos que recomendem a rediscussão, faz-se necessário que se tornem públicos e que sejam debatidos amplamente, de modo que a comunidade tenha consciência do que está em jogo. É temerária a decisão açodada e inopinada, emulada por pressão externa. Tende a agravar a dificil situação enfrentada pela administração superior e por todos integrantes da comunidade universária, que defendem este patrimônio público e se tornam vulneráveis a esta pressão.

 

A busca de mobilização interna e de consensos progressivos, que assegurem o caráter público da universidade, a avaliação sistemática e criteriosa de seu desempenho e a melhoria de seu padrão de qualidade deve ser um objetivo comum, que só será alcançado por meio da convição num projeto educacional, que proporcione condições de acesso a grande parte da população posta à margem de direitos urredutíveis,  e da credibilidade nos que administram esta instituição pública.

 

O desejável é que se reproduza a situação precedente, por meio da qual todos conselheiros puderam opinar e votar em consonacia com a vontade dos segmentos que representam.

 

Portanto, esta dicsussão deve ser sustada e, caso oportuna, realizada após amplo esclarecimento da comunidade universitária.

 

A universidade e seus orgãos de deliberação não podem se furtar a debater qualquer questão que seja relevante Porém, a rediscussão de tema desta natureza e a revisão da decisão anterior, adotada por ampla maioria do CONSUNI, não devem ser feitas de afogadilho.

 

* Wagner Braga Batista é professor aposentado da UFCG


Data: 19/12/2013