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Artigo - Redes inteligentes de energia elétrica

Benedito Antonio Luciano

 

Atualmente, os consumidores residenciais pagam apenas pela energia elétrica ativa utilizada, pois estão enquadrados na tarifa convencional. Entretanto, com a instalação dos medidores eletrônicos, abre-se a possibilidade da implantação da tarifa branca, a partir da qual o consumidor pagará valores diferenciados pelo consumo de energia elétrica, dependendo do horário, além de ser cobrado se o fator de potência medido estiver abaixo de 0,92. Todavia, a principal mudança que está por vir com as instalações dos medidores eletrônicos é a implantação das denominadas redes inteligentes (tradução adotada no Brasil para a expressão “smart grids”).

 

No modelo convencional, o sistema elétrico é constituído de quatro segmentos: geração, transmissão, distribuição e usos finais (consumidores). Embora tradicionalmente utilizada no jargão da engenharia elétrica, a expressão geração de energia é inadequada. A expressão correta deveria ser conversão de energia. Pois, fisicamente, a energia elétrica não é gerada, ela é convertida de uma forma em outra.  Por exemplo, a energia elétrica pode ser obtida a partir da energia potencial da água represada de um rio (hidrelétrica); da energia nuclear do urânio (energia termonuclear); da energia cinética dos ventos (energia eólica); do calor produzido pela queima de óleo ou carvão (energia térmica); da radiação eletromagnética proveniente do sol (energia fotovoltaica) etc.

 

Com a implantação das redes inteligentes, haverá uma mudança significativa no fluxo de energia elétrica ativa, por permitir o fluxo bidirecional entre a fonte, de onde se origina a energia elétrica, e a carga, que nesse caso poderá ser, também, fonte. No contexto das redes elétricas inteligentes, o consumidor residencial poderá inserir energia elétrica na rede da concessionária, caso seja de interesse de ambos, consumidor e concessionária. Essa energia elétrica inserida pelo consumidor poderia vir de painéis fotovoltaicos instalados no teto da casa ou de aerogeradores instalados em áreas livres de um condomínio, por exemplo.

 

Na prática, a implantação de redes inteligentes envolve basicamente o uso intensivo de tecnologias de informação, automação e comunicações para monitoramento e controle da rede elétrica, o que permitirá gerenciar a rede de maneira mais eficiente, tornando o sistema mais confiável e seguro.

 

Atualmente, projetos piloto de redes inteligentes estão em funcionamento em alguns estados do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Amazonas e Ceará) e em diversos países, dentre outros: Estados Unidos, França, Itália, Espanha, Portugal, Suécia, Coreia, Finlândia, Noruega e Eslovênia.

 

Entretanto, o desenvolvimento de redes inteligentes em larga escala requer o envolvimento sistêmico entre governos, universidades, instituições de pesquisa, indústria, concessionárias e, evidentemente, usuários finais.

 

No Brasil, os principais desafios a serem enfrentados para a adoção efetiva das redes inteligentes são o custo elevado de implantação, o estabelecimento do marco regulatório a ser emitido conjuntamente pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), e a reação dos consumidores face à nova tecnologia.

 

Benedito Antonio Luciano é professor da UFCG


Data: 15/09/2014