topo_cabecalho
Pesquisadora da UFSC fala sobre mudanças climáticas no projeto "Papo Sobre Ciência"

Encontros têm o objetivo de aproximar jornalistas e pesquisadores e estimular a cobertura da Reunião Anual da SBPC na UFSC

As mudanças climáticas e suas conseqüências para a natureza e também para os homens são os assuntos do terceiro encontro do "Papo sobre Ciência".

A professora Magaly Mendonça, do Grupo de Pesquisa em Desastres Naturais, ligado ao Departamento de Geociências da UFSC, vai falar sobre a queima e liberação de Dióxido de Carbono (CO2) na atmosfera, destacando um dos principais efeitos dessa prática, o aquecimento global. Vai falar também sobre o Protocolo de Kioto (acordo entre países industrializados para redução das emissões de gases que causam o efeito estufa). A palestra será realizada na próxima quinta-feira, 11 de maio, às 10h, no Auditório do Centro de Convivência.

Alteração de um fenômeno natural

O aumento da liberação de gases que provocam a intensificação do efeito estufa é fato. Só a produção industrial dos últimos 150 anos já causou um aumento de 25% na liberação de CO2, sendo que a maior parte desse aumento ocorreu nas últimas quatro décadas. A maior quantidade desses gases na atmosfera provoca uma preocupante intensificação de um fenômeno natural e também essencial para a manutenção da vida na Terra: o efeito estufa.

O efeito estufa é o resultado da concentração de diversos gases existentes na atmosfera. O ozônio é responsável por filtrar a entrada de raios ultravioletas emitidos pelo Sol, e junto com os demais gases também aprisiona parte do calor que é absorvido e emitido pela superfície da Terra. Sem isso, esse calor se perderia no espaço e as temperaturas do nosso planeta seriam extremamente baixas à noite, como ocorre nos desertos pela falta de umidade.

O problema é que a atividade industrial, a poluição dos automóveis, entre outras atividades humanas, como as queimadas, liberam uma grande quantidade de CO2 no ar. Isso gera um aumento da concentração desse gás na atmosfera, intensificando o efeito estufa.

Com isso, maior quantidade de calor liberado pela superfície da Terra é absorvida por esses gases, provocando o aumento das temperaturas. E não é apenas o CO2 que impede que o calor se dissipe.

Outros gases como metano, liberado pelas plantas e pelos excrementos dos rebanhos, e o ozônio, produzido pelo funcionamento das linhas de transmissão de energia e pela queima de combustíveis fósseis (gasolina, diesel, carvão), também causam o aquecimento da atmosfera por intensificar o efeito estufa. Mas a liberação de CO2 é bem mais expressiva quando comparada a dos outros gases, por isso a preocupação maior recai sobre ele.

Planeta mais quente

O aumento da temperatura causado por essas alterações atmosféricas já pode ser observado. Estudiosos do clima constataram que o planeta ficou, em média, 0,5 graus Celsius mais quente desde 1860.

Só na Antártica o aquecimento já chega a dois graus centígrados. Estima-se que, até 2100, os termômetros possam marcar uma média de 1,4 a 5,8 graus a mais que nos dias de hoje.

Esses números podem não parecer tão alarmantes agora, por considerar mudanças apenas em longo prazo, mas se as previsões dos climatologistas se concretizarem, várias serão as implicações tanto para o planeta como para os homens.

O degelo das calotas polares e também da água congelada nas montanhas é a primeira conseqüência do aquecimento global. O derretimento de algumas partes da camada de gelo da Antártica, segundo especialistas, vem ocorrendo em ritmo acelerado.

As geleiras da Groelândia também derretem duas vezes mais rápido que há 10 anos. Até em lugares conhecidos pela existência de neves eternas, como o Monte Kilimanjaro, na África, já foi constatada a ocorrência de degelo.

Toda essa água que se encontra em estado sólido e que está derretendo por causa do aumento da temperatura tem um caminho certo: os oceanos. O resultado imediato será a elevação do nível dos mares.

Cálculos matemáticos já possibilitaram uma previsão de que, nos próximos 10 anos, o nível pode chegar a subir 13 centímetros.

Essa elevação poderá atingir 1,5 m, até 2100, o que teria efeitos enormes sobre a forma de distribuição da população mundial, na medida em que cerca de 60% das cidades encontram-se atualmente em áreas costeiras.

Conseqüências mais próximas

Estas são previsões a longo prazo, mas outros fatos também tornam necessária a urgência de se pensar e discutir o aquecimento global.

Não é preciso dar grandes saltos no tempo para constatar os efeitos da alteração climática provocada principalmente pela atividade humana.

Apenas olhando para trás e observando um acontecimento que atingiu Santa Catarina já é possível nos darmos conta da importância desse tema. O Furacão Catarina, que passou pelo sul de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul em março de 2004, foi o primeiro fenômeno desse tipo registrado no Atlântico Sul e pode ter suas causas associadas ao aquecimento global. Desastres como o provocado pelo Catarina, ou até mais graves como o causado pela passagem do Furacão Katrina, nos EUA, dão sustentação à idéia de que os efeitos do aquecimento global estão cada vez mais próximos dos homens.

O projeto Papo Sobre Ciência

O projeto Papo Sobre Ciência tem como meta aproximar jornalistas e pesquisadores da UFSC, estimulando a prática do jornalismo científico e a divulgação do conhecimento científico e tecnológico.

Este ano tem uma meta especial, que é promover encontros que incentivem a cobertura e a participação em um dos principais eventos científicos do país, a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. A 58ª reunião da SBPC será realizada entre os dias 16 e 21 de julho no campus da UFSC, com o tema central "Semeando a Interdisciplinaridade".

O Papo Sobre Ciência é organizado pela Agência de Comunicação da UFSC, responsável pela promoção dos encontros entre pesquisadores da universidade e jornalistas.

Este ano foram programados momentos para discussão de temas como divulgação da ciência, aquecimento global, materiais inteligentes, Aqüífero Guarani, Projeto Plantas do Futuro e direitos dos povos indígenas e afro-descendentes. Os eventos são também abertos ao público em geral.

Acompanhe o cronograma

- 11/5 Alterações Climáticas / Protocolo de Kioto Convidada: Magaly Mendonça (Grupo de Estudos de Desastres Naturais/Departamento de Geociências/UFSC)
Local/hora: Auditório do Centro de Convivência/10h

- 25/5 Aqüifero Guarani
Convidado: Cesar Augusto Pompêo/Laboratório de Drenagem Urbana/Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental/Centro Tecnológico da UFSC
Local/hora: Auditório do Centro de Convivência/10h

- 1/6 Projeto Plantas do Futuro
Convidado: Ademir Reis (Departamento de Biologia/UFSC)
Local/hora: Auditório do Centro de Convivência/10h

- 22/6 Avanços da Medicina/Células-Tronco
Convidado: Andréia Trentin (Laboratório de Imunopatologia Celular e Molecular/Departamento de Biologia/UFSC)
Local/hora: Auditório do Centro de Convivência/10h
 Mais informações sobre o projeto Papo Sobre Ciência no site: http://www.papociencia.ufsc.br


Data: 05/05/2006