Benedito Antonio Luciano *

O professor Severino Gomes de Sousa Filho, conhecido como professor Biu, lançou no dia 18 de abril de 2015, na livraria Espaço de Cultura-PB, em Campina Grande, dois livros de sua autoria: “Tendências” e “Igreja: mistério e missão”.

Pernambucano, das bandas do Rio Capibaribe, o professor Biu cursou Filosofia, pela Universidade Federal de Pernambuco, e Teologia, no Seminário Regional do Nordeste, em Recife (PE). Ele realizou estudos de pós-graduação, em nível de mestrado, na Universidade Católica de Louvain-Bélgica. De volta ao Brasil, lecionou na Universidade Estadual do Maranhão, no Curso de Comunicação Social da Universidade Regional do Nordeste e na Universidade Federal da Paraíba, atual UFCG, em Campina Grande (PB).

Certamente, o embasamento teórico em Filosofia e Teologia e a experiência dialógica em sala de aula refletem-se, de forma especular, na obra literária do professor Biu. Isto pode se perceber nas leituras dos livros “Prática e teoria do conhecimento”, lançado pela Editora GRAFSET, em 1995, e “Por uma filosofia da comunicação”, lançado pela Editora da Universidade Estadual da Paraíba, em 1999.

O livro “Tendências” é composto por ensaios, dispostos em quatro capítulos. No primeiro, o autor apresenta “O conceito de leitura: decifrando significantes”. No segundo, ele escolheu um título muito sugestivo: “Os livros e suas casas”. No terceiro ensaio o professor Biu, valendo-se de sua experiência clerical, aborda um tema polêmico: “A propósito de rebanhos, pastores e mercenários”. Para o quarto capítulo o autor apresenta as suas considerações sobre “A dignidade da idade adulta”, etapa da vida na qual as fragilidades biológicas se evidenciam.

Na apresentação de “Tendências” o professor Biu convida o leitor (interlocutor) a entrar no debate das ideias por ele expostas, se mantendo aberto aos questionamentos e contestações.  Lembrando o seu tempo de professor, ele afirma: “desejo provocar o debate autêntico, honesto e respeitoso, que sempre apliquei em sala de aula”.

Talvez, como decorrência de suas incursões pelo clero, especificamente pela Igreja Católica, é no capítulo quatro que o professor Biu apresenta suas reflexões mais contundentes sobre determinadas práticas adotadas por certos pastores quando tratam de arrecadar dinheiro para construir templos. Segundo ele, o pastor moderno, em geral, ama a si mesmo e ama o próximo, sobretudo quando o próximo é mais próspero! Este é apenas um exemplo da fina ironia presente no estilo do professor Biu, habilidoso no lidar com a palavra, escrita ou falada.

Em “Tendências” o leitor mais atento há de perceber no subtexto as tendências ideológicas do autor, coisa muito natural, pois não existe texto neutro. No dizer do próprio professor Biu, quem escreve se compromete e quem lê está se comprometendo mais ainda.

Não iniciei a leitura de “Igreja: mistério e missão”. Mas, ao concluir a leitura de “Tendências” vi que estive diante de um texto denso, cheio de referências a grandes nomes da literatura universal, dentre outros: Jean Paul Sartre, Goethe, Humberto Eco, Schopenhauer, Nietzsche, Marshall McLuhan, Jorge Luis Borges, Proust, Bernard Shaw, Montaigne, Carlyle, Santo Agostinho, Galileu, Platão, Descartes, Francis Bacon, Michel Foucault, Althusser, Rousseau, Karl Max, Sigmund Freud e Milan Kundera.

Ler “Tendências” é como conversar com o autor ao vivo. Em meio à tessitura da escrita há muitos trocadilhos inteligentes, mantendo o bom humor diante de assuntos sérios, sem se deter diante da dúvida hamletiana: “to be or not to Biu?” 

* Benedito Antonio Luciano é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG.