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Artigo - Curema e Coremas

Benedito Antonio Luciano*

               

Recentemente, terminei a leitura do livro intitulado “Barragens de Curema e Mãe d’Água: nos bastidores da construção”. Editado em João Pessoa, em 2013, o coremense e ex-servidor do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, Emmanoel Rocha Carvalho, dedicou a obra ao centenário de nascimento de seu pai, Raimundo Nonato de Carvalho, mestre de obras da barragem do açude Mãe d’Água, no período de 1949 a 1957.

 

Para além dos aspectos técnicos envolvidos na construção das barragens, o autor apresenta, nessa obra, uma abordagem caleidoscópica, envolvendo: memória, história, geografia, geologia, política, sociologia, economia e literatura, em prosa e versos.

 

Por ter igualmente nascido em Coremas, cidade localizada no Sertão da Paraíba, lembro-me de quando criança, certa vez, ter perguntado à minha mãe o porquê do nome Coremas, se ouvia o meu pai falar que havia trabalhado, quando jovem, na construção das barragens de “Curema” e de “Mãe d’Água”, obras de extrema relevância para a região e para o Estado da Paraíba, projetadas e construídas pelo DNOCS.

Afinal, o nome seria Coremas ou “Curema”? A resposta dela foi que “Curema” seria o nome dos índios Curema, cuja tribo estaria localizada na região do Vale do Rio Piancó. Segundo Emmanoel Rocha Carvalho, os índios Curema eram guerreiros valentes que resistiram, bravamente, ao domínio “civilizatório” imposto pelo homem branco, tendo “por glória e honra morrer na campanha”.

 

Tomando como referência o professor Luiz Caldas Tibiriçá, em seu "Dicionário de Topônimos Brasileiros de Origem Tupi - Significados dos Nomes Geográficos de Origem Tupi" (p. 44, ano 1985), Curema significa "espécie de peixe". Já para o professor Antônio Geraldo da Cunha, em seu "Dicionário Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi" (p. 122, ano 1978), a palavra Curema teria origem na palavra Kuri'má, que também significa "espécie de peixe".

 

Seguindo a pista etimológica e sabedor que os peixes curimã e curimatã eram abundantes nas águas dos rios da região do Piancó, deduzo que Curema ou Coremas provêm do Tupi e têm o mesmo significado: peixe.

 

Ainda no tocante à grafia “Curema” ou “Coremas”, tomando como base os livros “Barragens de Curema e Mãe d’Água: nos bastidores da construção”, de Emmanoel Rocha Carvalho, “Coremas, o seu Lugar na História”, de Edvaldo Brilhante da Silva Filho, e informações contidas no DVD “Coremas: a caixa d’água do Sertão”, produzido por Diassis Pires, apresento alguns fatos históricos coletados: 1) Na segunda metade do século XIX, um incipiente agrupamento humano tomou o nome de  “Boqueirão de Curema”; 2) em novembro de 1938, por meio do Decreto-Lei Estadual No 1.164, "Boqueirão de Curema" passou a ser chamado simplesmente Coremas; 3) o nome “Curema” é encontrado em documentos antigos da Paróquia de Santa Rita de Cássia (padroeira local); 4) Em 4 de abril de 1954, o Sr. Renato Ramalho Leite foi empossado no cargo de Prefeito Constitucional de Coremas, data da instalação do município; 5) Açude público “Curema” foi o nome originalmente adotado pelo DNOCS para designar o açude “Estevam Marinho”, cuja construção foi iniciada em 1935 e concluída em 1942.

 

Em síntese: “Curema” foi o nome dado à barragem e Coremas é o nome do município. 

               

*O autor é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG.

 

As afirmações e conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta responsabilidade dos seus autores, não expressando necessariamente a opinião da instituição


Data: 13/08/2015