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Artigo - Inimigos internos

Benedito Antonio Luciano*

 

Vez por outra, líderes de instituições políticas, religiosas e empresas, públicas e privadas, se vêem às voltas com os denominados inimigos internos, pessoas que, por suas ações, palavras e omissões comprometem as imagens dessas instituições e empresas, pondo em risco, em determinadas situações, todo patrimônio material e imaterial construído por longos anos.

 

Inimigos internos são sabotadores que se instalam nas estruturas do Estado, nas instituições religiosas, nas entidades de classe, nas máquinas administrativas e nas linhas de montagem, em diferentes níveis.

 

Nas instituições políticas e empresas públicas os maiores inimigos internos são os que fomentam a corrupção, os que usam o populismo e o paternalismo para promover os incompetentes, indolentes e incapazes; os que usam o burocratismo para deliberadamente organizarem a lentidão na tramitação dos processos e resolução dos problemas.

 

Nas instituições religiosas, os inimigos internos são os que se valem da condição de religioso para praticar atos que não condizem com a doutrina pregada. Os que pregam a fraternidade e praticam o egoísmo, a intolerância, a violência, a desonestidade, o desprezo pelos que efetivamente precisam de ajuda.

 

Nas empresas privadas os inimigos internos são os sabotadores e os que, por incompetência ou negligência, comprometem a qualidade dos produtos e serviços, afetando a imagem dessas empresas. Adicionalmente, não poderiam ser esquecidos os fraudadores, os que, indevidamente, se apropriam de bens que não lhes pertencem e os que não preservam a confidencialidade.

 

Nos sindicatos e em alguns movimentos sociais, os inimigos internos são aqueles que pregam e praticam o ultra-esquerdismo para manter afastados aqueles que não se alinham ao radicalismo como forma de ação política. O resultado prático do ultra-esquerdismo nos sindicatos é o aparelhamento e o encastelamento de um grupo minoritário nas diretorias, cujos membros vão se revezando nos cargos ao longo dos anos, laborando em prol de seus interesses partidários ao invés de manter o foco nos interesses das categorias que supostamente representam.

 

Para além desses inimigos corporativos, existe outra forma de inimigo interno. Aquele que se instala no interior da mente de cada pessoa. Inimigos internos mentais, que precisam ser combatidos, são alguns sentimentos, tais como: ódio, inveja, vingança, mágoa, ciúme, egoísmo, preguiça, depressão, desânimo, agressividade, alienação, apatia, ansiedade, arrogância, compulsão, conformismo, culpa, descrença, melancolia, fanatismo, hipocrisia, negativismo, autopiedade e autoindulgência, ou qualquer atitude usada como desculpa para não fazer o que deve ser feito.

 

Declarar guerra ao inimigo interno é uma questão de sobrevivência. Deixar-se levar pelas artimanhas dos inimigos internos é ceder espaço ao fracasso. Por isto, varrer os inimigos internos das entranhas é como se livrar das ações de parasitas que fragilizam os organismos, deixando-os vulneráveis às ações dos inimigos externos. E não havendo inimigos internos, as instituições e os organismos se mantêm fortes o suficiente para enfrentar as adversidades.

 

*O autor é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG

 

As afirmações e conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta responsabilidade dos seus autores, não expressando necessariamente a opinião da instituição


Data: 19/08/2015