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ARTIGO - O Discurso do Generoso Chico

 

Wagner Braga Batista

 

João XXIII foi marcantes na nossa adolescêcia. Descerrou  novo horizonte para o cristianismo com suas enciclicas que celebravam a paz e a importancia do progresso para os seres humanos. Desencadeou processo de atualização que inspirou movimentos eclesias aproximando-os de populações carentes.  Oxigenou a igreja católica apostólica romana ao colocar em questão a soberba, a luxúria e a indiferença do alto clero, insensível aos clamores do povo.

 

Nesta conjuntura, a renovação e a aproximação da igreja com temáticas seculares torna a  ocorrer. Em condições diversas do cenário político e economico marcados pela guerra fria. A beligerância e a devastação sem limites assumem nova feição. Induzem polarizações de novo feitio. A dinâmica cumulativa e destrutiva das ditaduras sutir fomentam o fundamentalismo religioso, subliminar opressão perpetrada pelos softs powers, odiosas formas de discriminação,  intensas ondas migratórias, criminalização de movimentos que resistem aos ardis da economia de mercado, a incessante degradação das condições de vida e do meio ambiente.

 

Porquanto credos confessionais credenciem-se por meio de artificios do mercado, outros movimentos procuram resgatar principios humanitários da religião. Da religação, que restaura o elo de seres humanos com a natureza perdida.

 

Nesta busca, a fé pode se converter em poderosoa força motriz. Não move montanhas, tampouco vizualiza seculares muros que bloqueiam a sociabilidade necessária, no entanto pode sinalizar para fiéis sua incomoda e conflitiva existência.

 

Apesar destas limitações, admiramos a coerência de religiosos humanistas. De peserverantes homens de fé, que praticam honestamente suas crenças, sem diminuir seu animo e seu amor pela humanidae com o passar dos anos.

 

Reconhecemos a indissocialidade de sua prática com aquilo que os move, o que acreditam. Humanistas, por motivações que transcendem a razão, encontram fundamento em mistica com fortes pulsões socializatórias.  Estes impulsos, indispensáveis às transformações sociais, tornam-se cada vez mais escassos na esquerda, fascinada e seduzida por atraentes apelos da  execrada economia do mercado.

 

Retormamos ao ponto de inflexão instaurado por João XXII na década de 1960.

O anátema dos diferentes deve ser superado pelo diálogo que conduza ao reconhecimento da alteridade. São alvissareiros os discursos e caminhos que transformam identidades em portais do reconhecimento e da valorização da diversidade.

 

Neste transito,  preciosas lições de simplicidade, humildade e generosidade nos são ofertadas por gente como nós. Por homens, mulheres e crianças do tempo presente, posto que nos colocam num patamar da equidade.

 

Seres humanos com inclinações politicas, ideológicas e religiosas distintas mostram-se propensos ao diálogo e a valorização de virtalidades de seus interlocutores . Entre eles, destacamos um socialista, apóstolo da sobriedade e de seus cachorros, e  um Papa, que demonstra inablável apreço pela vida humana. Que revigora este sentimento entregando sua vida a própria sorte. Sem hesitação, sem temor.

 

Mujica, ex-presidente do Uruguai  e Francisco, o Papa que vestiu a camisa dos pobres e oprimidos, têm inconfundiveis traços comuns, grandes afinidades e reconhecíveis virtudes, apesar de suas notórias diferenças.

 

Ontem, ao discursar no Congresso dos EUA, criticou o fundamentalismo religioso, condenou a pena de morte e reiterou sua defesa de migrantes,  hostilizados em todo o mundo.

 

Nesta sexta-feira, 25 de setembro, em discurso na Organização das Nações Unidas, ONU, mais uma vez reiterou seu compromisso com segmentos mais vulneráveis da população e a vida planetária..

 

Denunciou a sistemática destruição do meio ambiente e deu um recado para especuladores, publicitários e designers ao criticar a cultura de descarte de seres humanos e produtos supérfluos. "O abuso e a destruição do ambiente são acompanhados da exclusão (...) pobres são os que mais sofrem (...) pelo afã egoísta e desenfreado por poder e bem-estar material"

 

.Asseverou: "Os excluídos são descartados pela sociedade e, ao mesmo tempo, obrigados a viver as consequências do abuso do ambiente”  (Na ONU, papa defende ambiente e reforma do Conselho de Segurança URL: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/09/1686387-no-onu-papa-diz-que-ganancia-prejudica-o-ambiente-e-os-pobres.shtml?cmpid=compfb)

 

Ao celebrar a superação das necesidades e imperfeições como fonte de virtudes, o velho Chico antropoformiza liturgias e preceitos doutrinários da igeja católica.

 

Despojando-se da pompa e do distanciamento, que têm sido peculiares da Igreja, Francisco tenta aproximá-la de inquietudes e dramas humanos. Humaniza sua religião para que seja efetivo caudal da indispensável humanidade de seus fiéis.

 

* Wagner Braga Batista é professor aposentado da UFCG

 

As afirmações e conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta responsabilidade dos seus autores, não expressando necessariamente a opinião da instituição

 

 

 

 


Data: 25/09/2015