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Artigo - Eficiência energética em sistemas de abastecimento de água

Benedito Antonio Luciano*

 

Entre os sistemas de abastecimento de água e os sistemas de energia elétrica há grandes semelhanças. Em ambos, desde o ponto onde a água é represada para fins de abastecimento de água ou para conversão em energia elétrica há perdas que devem ser reduzidas e desperdícios que devem ser eliminados.

 

Como as perdas elétricas estão diretamente associadas às perdas de água, reduzir tais perdas se configura como uma ação de eficiência energética com efeito direto sobre a conservação do meio ambiente.

 

Em termos estruturais, os sistemas de abastecimento de água são compostos pelos subsistemas de captação, estação de tratamento, estações elevatórias, reservatórios e rede de distribuição destinada aos usos urbanos e rurais.

 

Por sua vez, os sistemas hidrelétricos são constituídos pelos seguintes subsistemas: usina hidrelétrica, subestação elevadora de tensão, linhas de transmissão, subestações abaixadoras e redes de distribuição de energia elétrica, urbanas e rurais.

 

No tocante às perdas nos sistemas de abastecimento de água, elas podem ser classificadas como perdas físicas e não físicas. Nos sistemas de energia elétrica as perdas são divididas em duas categorias: técnicas e não técnicas.

As principais causas das perdas nos sistemas de abastecimento de água são, dentre outras: vazamentos, fraudes, ligações clandestinas, erros na macromedição, erros na micromedição, desperdício de água pelos consumidores com ligações sem hidrômetros e falhas no cadastro.

 

Nos sistemas de energia elétrica, além das perdas de origem eletromagnética, destacam-se as seguintes: fraudes, ligações clandestinas, erro na medição, desperdícios, queimadas debaixo das linhas de transmissão e falhas de cadastro.

 

As perdas físicas podem ser minimizadas mediante o emprego de novas tecnologias e adoção de um rigoroso sistema de gerenciamento que deve ser utilizado como ferramenta estratégica para tomada de decisão. Já as perdas não físicas e não técnicas devem ser identificas, eliminadas e combatidas.

 

Nos sistema de abastecimento de água, a energia elétrica utilizada no acionamento do conjunto moto-bomba, na etapa de captação é, normalmente, o de maior impacto no consumo total do sistema, pois para captar grandes volumes de água é necessário o emprego de máquinas elétricas de potência elevada.

Também, há de se levar em conta o papel importante da reservação de água no processo de eficiência energética, pois água acumulada nos reservatórios, em alguns casos, pode ser distribuída aos consumidores por gravidade, sem a necessidade de bombeamento.

Outro aspecto relevante a ser considerado é o gerenciamento adequado dos níveis de pressão disponíveis nas redes de distribuição de água, por estar intimamente ligado à economia de água e, consequentemente, à economia de energia elétrica.

 

O gerenciamento adequado dos recursos hídricos e energéticos em sistemas de abastecimento de água depende fundamentalmente da confiabilidade das informações obtidas a partir dos hidrômetros, instrumentos de medição que registram o volume de água desde o ponto de captação (macromedição) até os pontos de distribuição junto aos consumidores finais (micromedição).

Assim, em face da atual crise hídrica e energética por que passam diversas regiões do Brasil e diversos países, as empresas que desejam investir em eficiência energética devem manter atualizados seus sistemas de medição, pois, “sem medição não há controle e sem controle não há gerenciamento”.

 

* Benedito Antonio Luciano é professor do Departamento de Engenharia Elétrica da UFCG.

 

As afirmações e conceitos emitidos em artigos assinados são de absoluta responsabilidade dos seus autores, não expressando necessariamente a opinião da instituição


Data: 02/10/2015