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Grupo da UFCG promove recuperação de eletroeletrônicos com foco na inclusão digital de alunos de escolas públicas

 

Pesquisadores da UFCG estão travando uma batalha contra um dos principais males ao meio ambiente: o descarte de eletroeletrônicos de forma inapropriada. Mais que isso, alunos e professores estão aprendendo a reutilizar e aumentar consideravelmente a vida útil de máquinas e equipamentos, que podem ser desde celulares, pilhas, baterias até computadores propriamente ditos, monitores e demais equipamentos. Trata-se do projeto coordenado pelo professor de graduação do Departamento de Engenharia Agrícola, Márcio Melo, que assumiu o trabalho há poucos meses, e cujo objetivo principal é a recuperação física de equipamentos e resíduos eletrônicos visando à inclusão digital. Isso porque os materiais recuperados são doados a escolas públicas e unidades que não têm condições de adquirir maquinário do tipo.

 

O projeto de extensão, que conta basicamente com alunos do curso de Engenharia Elétrica (CCEI), existe há cerca de cinco anos e começou quase que sem querer. A UFCG foi solicitada pelo Estado da Paraíba a receber cerca de 200 caça-níqueis, máquinas eletrônicas conhecidas pelo seu uso em jogos de azar.

 

“A princípio, tive inclusive que pesquisar de que se tratava. Logo vi que nada mais era, a grosso modo, do que um computador ‘disfarçado’. E aí surgiu um novo problema: o que faríamos com aquilo? Não tínhamos pessoal preparado para trabalhar com aqueles resíduos nem poderíamos doar a catadores, devido ao perigo por questões tóxicas e radioativas”, explicou a professora da área de Engenharia Agrícola da UFCG, Luiza Cirne, colaboradora do projeto. Este, aliás, possui parceria com o Porto Digital, parque tecnológico de destaque nacional localizado na cidade pernambucana do Recife e com atuação nas áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Economia Criativa (EC).

 

Foi assim que começou a ideia de chamar os próprios alunos da Universidade para contribuírem com aquele trabalho. “É uma atividade que exige realmente conhecimento técnico, para garantir a segurança do que é feito, e por isso os alunos que participam são de Engenharia Elétrica, que possuem habilidades para lidar com os equipamentos. Na época, dois alunos incorporaram o projeto, realmente vestiram a camisa e conseguiram resultados decisivos. Hoje, na última seleção de um novo grupo, foram dezenas de interessados, e isso nos alegra muito”, conta a professora. “Isso tudo é mais do que uma questão elétrica ou eletrônica, dá ao aluno a oportunidade de atuar nas ações de extensão, recuperar ou prolongar a vida útil das máquinas, evitando desperdícios e contaminações, além de favorecer camadas menos privilegiadas da sociedade, colaborando sempre com a inclusão digital”, completou.

 

Após recuperadas as máquinas, há um processo de teste (relacionado a funcionamento dela, compatibilidade e regularidade da rede elétrica do local de destino, acessibilidade de Internet, dentre outros fatores) antes e após as doações, para que se verifique se tudo está exatamente dentro das exigências mínimas a que deve atender. Ao longo desses anos, para se ter uma ideia, várias instituições já foram beneficiadas.

 

“Instalamos cinco computadores na escola da zona rural de Lagoa da Roça, outros três foram para uma biblioteca comunitária no bairro das Malvinas, tem mais alguns que se destinaram a escolas particulares, porém localizadas em áreas de carências”, elenca a antiga coordenadora, mencionando que até o próprio Centro de Tecnologia e Recurso Naturais (CTRN/UFCG), base para o desenvolvimento do projeto, faz uso em sua sede de computadores recuperados pelo projeto.

 

É importante salientar que esse projeto de recuperação dos materiais atende aos princípios do que se chama, em Sustentabilidade, de Logística Reversa, instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. “A logística reversa engloba sete categorias de resíduos, dos quais três são coletados aqui: pilhas, lâmpadas e eletroeletrônicos. Todos eles possuem excesso de metais pesados, que podem fazer muito mal ao meio ambiente, seja por propriedades sólidas ou gasosas”, explicou o atual coordenador do projeto, professor Márcio Melo, que também é um dos coordenadores do monitoramento do aterro municipal de Campina Grande.

 

Há alguns requisitos, no entanto, para esse desfazimento de materiais no posto de entrega voluntária do Centro (Laboratório BX), além, é claro, de obediência à Lei de Desfazimento de Material. “Já houve casos de nos trazerem monitores totalmente inutilizados, porém sem o restante da máquina, pois o dono pôde dar outro fim a ele. Ou casos em que nos enviam alguma carcaça de um computador, mas tiram a memória ou coisa do tipo. Nós não temos condições de aceitar esse tipo de descarte, pois precisaríamos investir do próprio bolso para completar a máquina”, esclareceu a professora Luiza.

 

Atualmente, o projeto recebe o material com que trabalha a partir de doações externas, da sociedade, de alunos ou professores, além de empresas privadas que também o fazem.

Este projeto visa, sobretudo, atender às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010), que tem como diretriz principal desenvolver a educação ambiental e práticas sustentáveis para a solução de problemas relacionados ao modelo de gestão dos resíduos sólidos.

 

Conscientização - O projeto realizado na UFCG também visa a uma conscientização de forma geral. Por exemplo, seus coordenadores e os alunos envolvidos organizam eventualmente capacitações direcionadas efetivamente ao pessoal que trabalha, na própria Universidade, com a área elétrica, visando ao melhor manuseio de materiais, explicar o funcionamento de algumas máquinas e alertar para preocupações específicas que devem estar sempre presentes ao se tratar do tema.

 

Para saber mais sobre este e outros projetos relacionados ao tema, acesse o site do Laboratório de Tecnologias Agro-Ambientais.

 

(Eduardo Donida - Ascom/CCT/UFCG)


Data: 18/05/2017