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Produtor cultural da UFCG realiza primeira peça de ciberteatro da Paraíba

Obra-experimento faz parte da pesquisa de mestrado de Aluízio Guimarães

 

Já imaginou assistir a uma peça de teatro encenada em outra cidade, ou até mesmo outro país, como se fosse um dos atores, em pleno palco, ou um dos espectadores, na plateia? Esta é a proposta do produtor cultural da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Aluízio Guimarães em sua pesquisa de mestrado, que está sendo desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Computação, Comunicação e Artes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

 

Intitulado Subjetividade e representação: o olhar mediado no ciberteatro, o trabalho aborda o uso da Internet como uma forma acesso remoto às apresentações teatrais, levando em consideração as adequações técnicas e estéticas da linguagem cênica ao novo meio.

 

A pesquisa resultou na primeira obra de ciberteatro do estado da Paraíba, encenada no último dia 4, no Centro de Informática da UFPB, no bairro de Mangabeira. “Foi uma obra-experimento, baseada em um fragmento da peça Hamlet, de Shakespeare, que intitulei Ser e Não Ser, reproduzindo a cena clássica em que Hamlet está com o crânio de Yorick na mão”, explica Aluísio.

 

A apresentação, única e gratuita, foi encenada pelos atores Naiara Misa e Bertrand Araujo e acompanhada por 72 convidados, que preencheram um questionário online ao final da peça. Durante a encenação, todos os atores usaram uma câmera entre os olhos, que recebeu o nome de Terceiro Olho. Uma das câmeras foi colocada no crânio de Yorick.

 

“Eu trabalho com o conceito de atores ciborgues. Eles são ciborguizados com um equipamento que envolve um elemento de captura de imagem, um elemento de captura de áudio e um elemento de transmissão de tudo isso”, esclarece o autor.

 

“Outro conceito é o de Platéia Interface, que é aquele que, também ciborguizado, assiste o espetáculo presencialmente e serve de interface entre a ação cênica e a platéia que está remotamente assistindo. O ciberespectador decide por quem olhar. Na verdade, ele vampiriza olhares e com isso representa sua subjetividade a partir destas escolhas”, observou.

 

O acesso à peça se deu através de um software especialmente desenvolvido para o projeto, por meio do qual as imagens foram disponibilizadas em um mesmo ambiente. “Com o uso de setas, o ciberespectador pode passear por elas, ampliando assim sua condição de imersão”, destacou Aluísio.

 

A expectativa é que a pesquisa contribua para o surgimento de uma nova forma de fazer teatro, “com novas possibilidades de atuação, uma nova condição de linguagem cênica, novas tecnologias a serviço das artes da cena”, enumera.

 

“Poderemos imaginar um teatro muito mais forte, com plateias de milhões de pessoas, com atores em vários continentes contracenando... pois o lugar de encontro é a imagem... o ciberespaço é seu ambiente e aí depende muito de nossa possibilidade criativa, pois o teto para a fruição de novas estéticas e de novas linguagens é praticamente infinito”, prevê o autor.

 

Além de servidor da Unidade Acadêmica de Arte e Mídia da UFCG, Aluizio Guimarães é dramaturgo e diretor de teatro (Água Areia e as Maçãs, Inferno, ...E foram felizes para sempre!) e cinema (Borra de Café).

 

A pesquisa, que tem como orientadores os professores doutores Ed Porto, de Informática, e José Tonezzi, de Teatro, teve início em março do ano passado e a previsão é que a defesa da dissertação aconteça no próximo mês de novembro.

 

(Ascom UFCG)


Data: 10/10/2017