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Seminário na UFCG discute Programa Residência Pedagógica

Realizado na manhã desta quinta-feira, evento reuniu alunos e professores para debater as consequências negativas do programa do Governo Federal

 

“O Programa Residência Pedagógica na formação de professore(a)s: avanço ou retrocesso?”. O questionamento foi tema de um seminário promovido pela Unidade Acadêmica de Educação da Universidade Federal de Campina Grande (UAEd/UFCG) na manhã desta quinta-feira, dia 24 de maio. O objetivo foi debater com a comunidade acadêmica as implicações do programa do Governo Federal no ensino e na formação docente.

 

Lançado pelo Ministério da Educação (MEC) em outubro de 2017 como forma de modernização do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), o Programa de Residência Pedagógica é considerado polêmico pela comunidade acadêmica. De acordo com manifesto de entidades da educação, a vinculação dos programas de formação docente à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) fere a autonomia universitária “ao induzir nas instituições de ensino superior (IES) projetos institucionais de formação que destoam das concepções de formação docente presentes nos seus próprios projetos pedagógicos”. Documento que define os objetivos que os educadores devem seguir na hora de elaborar o currículo da Educação Básica, a BNCC chega às universidades padronizando e engessando o planejamento e a formulação curricular, segundo professores e alunos.

 

“A gente teme a perda da nossa autonomia. E isso também vem revestido de outro caráter, pois condiciona as universidades, caso queiram ter bolsas, a participarem do edital e adotarem o programa (Residência Universitária). Então, essa lógica de financiamento condicionado nos aprisiona e não permite que nós possamos desenvolver um currículo de acordo com as necessidades do nosso alunado, inviabilizando a prática pedagógica”, explica a professora da UAEd/UFCG, Luciana Leandro da Silva, membro da Comissão organizadora do seminário.

 

Para a professora, ainda há o agravante da distorção do conceito de “residência”, uma vez que o programa não funciona como uma especialização, como ocorre na Residência Médica, por exemplo. Na Residência Pedagógica, os alunos podem participar assumindo uma sala de aula já a partir do segundo ano da graduação, antes mesmo de terem visto as disciplinas específicas relacionadas à prática docente.

 

“A contrapartida da bolsa não é estudar. O aluno vai trabalhar na rede de ensino durante três semestres e vai poder, inclusive, assumir a sala de aula por sua conta e risco. É preocupante, porque em que momento ele vai estudar? O aluno ainda não passou pelas disciplinas didáticas, ele só viu os fundamentos. Como um estudante que nem terminou sua graduação vai poder assumir uma turma? Então, a formação fica negligenciada. Toda essa reformulação entre teoria e prática acaba se perdendo”, enfatiza Luciana, destacando a importância de discussão do programa.  

 

Realizado no Auditório do Centro de Extensão José Farias Nóbrega, o seminário foi transmitido em tempo real na página do LabLibras no Facebook e está disponível no link. O evento, que também seria realizado à noite, foi cancelado em função da redução da oferta de transportes coletivos e desabastecimento dos postos de combustíveis.  

 

(Ascom UFCG)


Data: 24/05/2018