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UFSC divulga resultados dos experimentos feitos por Marcos Pontes

Os dados coletados no decorrer da viagem espacial foram armazenados em cartões eletrônicos

Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) divulgaram nesta semana os primeiros resultados dos experimentos testados pelo astronauta brasileiro Marcos Pontes durante a Missão Centenário, encerrada em 8 de abril

Os dados coletados no decorrer da viagem espacial foram armazenados em cartões eletrônicos e agora são analisados nos laboratórios do Departamento de Engenharia Mecânica (EMC).

 Apesar de os resultados ainda serem preliminares, necessitando de avaliações mais detalhadas, os dois experimentos - dedicados ao desenvolvimento de sistemas que auxiliem no controle térmico de satélites - foram considerados um sucesso pelos pesquisadores.

Tanto os "evaporadores capilares", sistema desenvolvido pelo Laboratório de Combustão e Engenharia de Sistemas Térmicos (Labcet), quanto os "minitubos de calor", do Núcleo de Controle Térmico de Satélites (NCTS), funcionaram sem nenhum problema durante todo o período em foram testados na Estação Espacial Internacional (ISS).

Ao analisarem os dados, os pesquisadores da UFSC constataram que o desempenho dos dois experimentos em ambiente de microgravidade foi muito semelhante ao obtido em Terra.

No caso dos minitubos de calor, foram feitas leituras de temperatura e potência térmica enquanto o equipamento era testado ISS. Comparando com os resultados obtidos em laboratório, essas variáveis mostraram que o experimento funcionou normalmente com a gravidade próxima a zero.

De acordo com a coordenadora do projeto, professora Márcia Mantelli, a semelhança dos resultados se deve a uma anulação de efeitos ocorrida no interior da Estação Espacial Internacional (ISS).

"Em uma situação de miucrogravidade, se, por um lado, a ebulição do fluido que fica no interior dos minitubos foi piorada, por outro, esse fluido se movimentou melhor." Para a pesquisadora, o experimento comprovou o grande potencial dos minitubos de calor para a aplicação em satélites. "Provamos que o equipamento está apto para voar", explica.

Evaporadores capilares

Assim como o experimento do NCTS, os evaporadores capilares tiveram desempenho parecido com o alcançado em laboratório. Potência térmica e temperatura também foram as principais variáveis observadas, relacionadas à partida e ao funcionamento do sistema em condição de microgravidade.

"Com a Missão, sabemos que o sistema garante o controle de temperatura do interior do satélite, nosso grande objetivo", afirma o coordenador do Labcet, professor Edson Bazzo.

Diante do sucesso do experimento, o pesquisador lamenta que não existam mais empresas brasileiras com atividades voltadas a aplicações espaciais. "Temos a tecnologia, experimentos agora ainda mais qualificados e capacidade para atender o mercado. O que falta maior demanda por projetos desse tipo".

Quanto às críticas à validade da viagem de Marcos Pontes, relacionadas ao custo da Missão Centenário, a opinião dos pesquisadores é unânime. "A viagem foi excelente para o desenvolvimento e a popularização da pesquisa espacial, trazendo resultados que serão publicados em diversos periódicos científicos. Além disso, qualificou pessoas do Brasil para o trabalho na área", afirma Bazzo.

A professora Márcia Mantelli prefere usar uma metáfora para responder às críticas. "Não adianta executar o projeto de uma enorme casa e, ao final, não querer gastar para colocar o telhado. Ou seja: o Brasil treinou um astronauta, gastando nisso quase quatro vezes mais que o custo do vôo. Precisávamos fazer valer esse investimento."

Conheça o Núcleo de Controle Térmico de Satélites em http://www.labsolar.ufsc.br/ncts
Saiba mais sobre o Laboratório de Combustão e Engenharia de Sistemas Térmicos http://www.labcet.ufsc.br
Visite o Departamento de Engenharia Mecânica: http://www.emc.ufsc.br


Data: 01/06/2006