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Ciência e tecnologia para a inclusão social - Artigo

A II Semana Nacional de C&T, com atividades em 332 municípios – envolveu centenas de milhares de participantes em quase oito mil atividades desenvolvidas por 844 instituições de todo o país

Wanderley de Souza - Secretário de C&T e Inovação do RJ, reitor do Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo), membro das Academias Brasileira e Mundial de Ciências e professor titular de Parasitologia da UFRJ.

 

Uma das conquistas marcantes do Século XX foi o significativo avanço científico e tecnológico em praticamente todas as áreas da ciência.

Os países que participaram mais de perto desse avanço e que souberam utilizá-lo para agregar valor a seus produtos, também conseguiram fazer com que benefícios chegassem à sociedade através da geração de empregos, riqueza e bem-estar social.

Na realidade, esses países promoveram o que hoje chamamos de inclusão social, onde os avanços tecnológicos foram incorporados à vida da maioria das famílias.

Bom meio de avaliar a eficiência de programas de inclusão social é verificar o acesso ao uso do computador e da Internet, importante conquista na área da tecnologia da informação.

Informações disponíveis indicam que 75% das residências nos EUA e em parte da Europa contam com computadores, sendo que 67% têm acesso à rede mundial de computadores.

Já no Brasil o acesso à Internet estava até recentemente restrita às classes A e B.

Na classe E, que segundo o IBGE corresponde a 32% da população brasileira, apenas 0,5% tem acesso à rede. Tal quadro configura o que vem sendo chamado de analfabetismo digital.

A preocupação em fazer com que os avanços da ciência cheguem à sociedade como um todo levou a equipe do Ministério de C&T, então comandada pelo ministro Roberto Amaral, a introduzir mudanças na organização do ministério e criar em julho de 2003 a Secretaria de C&T para Inclusão Social.

A medida foi inicialmente criticada por uma parcela da comunidade científica.

Tive a oportunidade de ouvir do ex-secretário de Inclusão Social do MCT, Rodrigo Rollemberg, um balanço das atividades da secretaria.

O relato mostra o importante papel desenvolvido nessa área, sobretudo em cooperação com as secretarias estaduais de C&T.

Dentre as principais atividades, se destacam as ações para popularização da ciência, com a criação de Museus de Ciência, Olimpíadas de Matemática, da qual participaram 10,5 milhões de estudantes, e a realização da II Semana Nacional de C&T, com atividades realizadas em 332 municípios – sendo 109 da Região Sudeste – envolvendo centenas de milhares de participantes em quase oito mil atividades desenvolvidas por 844 instituições de todo o País.

Outra ação importante foi o apoio dados aos programas de inclusão digital. Nesse item, as ações em nível estadual tem sido marcantes.

No Estado do RJ a ações da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) e do Centro de Tecnologia da Informação e da Comunicação (Proderj) na área da inclusão digital atingiram a mais de um milhão de pessoas nos últimos três anos.

Destaque-se, também, o apoio dado pela secretaria à expansão da educação profissional através dos Centros Vocacionais Tecnológicos que estão sendo implantados em vários estados e o apoio a Arranjos Produtivos Locais, onde uma melhor integração entre as comunidades científica e empresarial vem ampliando as atividades comerciais de determinados setores, sobretudo nas regiões mais pobres.

Nesses arranjos o uso de novas tecnologias tem permitido agregar valor a diferentes produtos.

Cabe ainda registrar o grande interesse que a área de C&T para inclusão social despertou entre prefeitos, governadores e parlamentares.

Tal fato se traduz no significativo crescimento do orçamento do MCT nos últimos anos, sobretudo devido a emendas parlamentares.


Data: 02/06/2006