Proposta de criação do centro será apresentada em agosto, na reunião do Comitê Gestor de Cooperação Bilateral dos dois países

Ainda nesta quinta-feira, o presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Normatização e Qualidade Industrial (Inmetro), João Jornada, e o diretor de Metrologia Científica e Industrial do instituto, Humberto Brandi, estarão reunidos com o diretor de Metrologia, Qualidade e Certificação do Instituto Nacional de Tecnologia Industrial (INTI) da Argentina, Joaquim Valdés, para preparar um relatório das discussões promovidas sobre a criação do Centro Binacional de Metrologia.

O objetivo é registrar as sugestões apresentadas nas quatro mesas de discussão sobre Metrologia da 2ª Reunião Ciência, Tecnologia e Sociedade, em Buenos Aires, e apresentá-las aos ministérios da C&T e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, e da C&T e Meio Ambiente e da Economia da Argentina.

Com base neste relatório, será preparado um plano de trabalho e uma proposta de criação do Centro, a serem apresentados em agosto, na próxima reunião do Comitê Gestor de Cooperação Bilateral de Brasil e Argentina, em Buenos Aires.

Responsável pela avaliação de programas e projetos conjuntos entre os dois países, o comitê é presidido pelo Ministério da C&T argentino e conta com representantes do Ministério das Relações Exteriores, Comissão Nacional de Energia Atômica, Conselho de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (Conicet), Secretaria de Políticas Universitárias do Ministério da Educação e representantes da comunidade científica e do setor produtivo. Pelo Brasil, há representantes do MCT, Finep, CNPq e Itamaraty, entre outros.

Com a apresentação da proposta ao Comitê, os idealizadores do Centro Binacional de Metrologia seguirão os passos da criação do Centro Binacional de Nanotecnologia, cuja idéia surgiu na 1ª Reunião Ciência, Tecnologia e Sociedade, em 2004.

Em novembro de 2005, na reunião do Comitê Gestor em Foz do Iguaçu, os ministros da C&T de Brasil e Argentina aprovaram o projeto e anunciaram a criação do Centro, como explicou Silvina Bidart, coordenadora da área de cooperação bilateral da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva (Secyt) da Argentina.

Ela esteve presente na mesa que discutiu na manha desta quinta-feira a criação do Centro Binacional de Metrologia e explicou para os diretores do Inmetro e do INTI como se desenvolvem os projetos de cooperação entre os dois países.

Foi de Bidart a sugestão de que se leve à reunião do Comitê Gestor a proposta de criação do Centro, junto com um plano de trabalho que defina os objetivos, as áreas de atuação e o orçamento anual previsto. Ela citou o Centro Binacional de Nanotecnologia como exemplo de êxito na cooperação entre os dois países.

“Este foi o programa que obteve resultados em menor tempo. Seis meses depois de sua criação, realizou-se aqui em Buenos Aires a primeira Escola de Nanotecnologia. Outros programas de cooperação não funcionaram tão bem”, comentou.

O diretor de Metrologia, Qualidade e Certificação do INTI, Joaquim Valdés, disse que a idéia de uma parceria com o Brasil na área foi da própria Secyt, que sugeriu que se aproveitasse a reunião de Buenos Aires para discutir a criação do Centro Binacional.

Segundo Valdés, a intenção é utilizar nesse projeto recursos disponíveis no âmbito do Ministério de C&T e Meio Ambiente, por meio de um fundo do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que destina U$ 300 milhões para projetos de C&T.

“Temos que aproveitar a situação florescente do Inmetro e o cenário favorável em ambos países para esta cooperação”, considerou.

Ele sugeriu as áreas com maior possibilidade de desenvolvimento de projetos conjuntos: Metrologia para os setores de Comunicações (padrões de tempo e freqüência), de Energia (transmissão de dados criptografados), de Química (desenvolvimento de materiais de referência); Metrologia Ambiental; Metrologia Dimensional; Metrologia para diagnóstico clínico e métodos de referência; assessoria para grandes projetos regionais/supervisão de projetos como entidade intergovernamental.

Humberto Brandi, diretor do Inmetro, ressaltou que o instituto conta com um sólido ambiente de pesquisa e inovação, que poderá servir ao desenvolvimento dos projetos conjuntos.

Ele destacou o Programa de Materiais de Referência Certificados e os Centros de Microscopia, de Nanometrologia, de Dispositivos Orgânicos e de Capacitação em Metrologia e Avaliação da Conformidade.

A seu ver, o importante é atacar os problemas mais perceptíveis para a sociedade, indústria e políticos, como forma de justificar e garantir a aplicação dos recursos.

Para o presidente do Inmetro, João Jornada, a oportunidade de criar o Centro Binacional é extremamente auspiciosa e deve ser tocada a frente imediatamente. “Estamos muito contentes e apoiamos totalmente a iniciativa”, concluiu.