Kit identifica leishmaniose em horas Produto registrado na Amazônia agiliza o tratamento O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) registrou no ano passado a patente de um kit que faz o diagnóstico dos diferentes tipos de leishmaniose. O produto já desperta o interesse de laboratórios comerciais, de olho na possibilidade de diagnosticar em horas o que hoje é feito em semanas ou meses. Esse kit foi o tema da tese de doutorado de seu criador, o biotecnólogo Alexander Sibajev. A leishmaniose é uma doença causada por um protozoário do gênero Leishmania, transmitido pela picada de um inseto conhecido como flebótomo. Dependendo do tipo, a doença provoca febre, aumento do fígado e do baço, emagrecimento, anemia e feridas de difícil cicatrização nos braços, nas pernas e no nariz. Se não for tratada, a pessoa pode ficar com cicatrizes e deformidades e até morrer. "Quanto mais rápido o diagnóstico, mais chances de o paciente se curar sem grandes danos", explica Sibajev. O exame criado por ele diferencia por meio do código genético (DNA) a L. guyanensis, comum na região Norte, da L. braziliensis, mais comum no Sul e Sudeste. "Ou colhe-se sangue do paciente ou uma amostra (tecido) da eventual lesão que a pessoa já possa apresentar", diz o pesquisador. "Há mais de 90% de chances de acerto no diagnóstico." Reagentes De acordo com ele, por meio de reagentes específicos sobre a amostra, é feita a extração do DNA. Com as informações sobre as diferenças entre as duas variedades de leishmânias, é possível auxiliar o médico no tipo de intervenção que o paciente precisará sofrer. A leishmaniose provocada pela L. guyanenses é mais grave e de tratamento mais longo que a provocada pela L. Braziliensis. Ainda segundo Sibajev, o teste também permite que o médico acompanhe a cura. Caso o teste não identifique mais o parasita, o tratamento foi eficaz. Isso evita tratamentos demorados e traumáticos. O pesquisador ressalta que sua pesquisa, realizada em quatro anos, foi possível graças ao criobanco do Inpa. "Para especificar o tipo de leishmânia, era necessário ter uma quantidade suficiente de isolados (amostras) para realizar os testes em laboratório, o que havia no criobanco." O criobanco é um freezer com temperatura de -80 graus C. Nele ficam armazenadas, em nitrogênio líquido, amostras de sangue com protozoários, como leishmânias e tripanossomas. As amostras são oriundas de animais silvestres e pessoas infectadas na Amazônia. Há mais de 5 mil amostras armazenadas no banco do Inpa. A leishmaniose é classificada por especialistas como uma doença endêmica. No Amazonas, só perde em número de casos para a malária. Quem mais sofre com a enfermidade são os moradores dos bairros localizados na periferia e próximos da mata. Sua incidência está relacionada com o desmatamento. Data: 03/07/2006 |