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Informática da PUC-Rio é responsável pelo desenvolvimento de softwares para suporte às aplicações da TV Digital no país. A UFPB também participa do projeto

A Pontifícia Universidade Católica do RJ foi a responsável pelo desenvolvimento do middleware do Sistema Brasileiro de TV Digital, em conjunto com a Universidade Federal da Paraíba

A escolha do software desenvolvido na PUC-Rio é conseqüência direta de um trabalho de 15 anos, internacionalmente reconhecido, de pesquisadores do Departamento de Informática da PUC-Rio, como o do professor Luiz Fernando Gomes Soares, na elaboração de linguagens declarativas para concepção de programas não-lineares e no desenvolvimento de middlewares para suporte a aplicações de TV Digital.

Segundo o professor, "na prática, ao escolher o middleware para a TV Digital, o Governo regulará as relações entre duas indústrias de grande importância para o país: a de produção de conteúdo e a de fabricação de aparelhos receptores".

- Enganam-se aqueles que pensam que a possível adoção de um padrão estrangeiro não afetaria o desenvolvimento de conteúdos; o não-domínio das ferramentas, certamente acarretaria em um não-domínio de seus usos, alertou Luiz Fernando, em vídeo exibido por ocasião da abertura do VII Fórum Internacional de Software Livre, realizado em Porto Alegre.

Inserção do middleware no sistema de TV Digital

De uma forma geral, o sistema de TV Digital compreende componentes de hardware para codificação, modulação e transmissão de sinais de áudio, vídeo e outros dados. Compreende, ainda, o terminal de acesso (set-top box), que estará presente na casa dos usuários, com o objetivo de receber o fluxo de informação modulado e retirar deste o áudio e o vídeo principal - decodificados por ele para posterior exibição - bem como outros dados para processamento.

Esses outros dados, processados através de softwares, correspondem às aplicações da TV Digital - entre elas, as aplicações interativas. Tais aplicações, por sua vez, têm obrigatoriamente que interagir com um hardware e um sistema operacional (SO) específicos, os do terminal de acesso.

Como há vários tipos de hardware e sistemas operacionais diferentes, faz-se necessária uma camada intermediária entre eles e as aplicações, para a uniformização dos vários hardwares e SOs disponíveis ('virtualização') nos terminais de acesso, fazendo com que as aplicações passem a enxergar apenas um tipo de plataforma, definindo assim, para os fabricantes de conteúdo, uma visão única do aparelho. Essa camada intermediária denomina-se middleware.

Os middlewares e o desenvolvimento das aplicações

Além de realizarem a intermediação, os middlewares disponibilizam inúmeras facilidades para a execução das aplicações, por intermédio de uma série de pequenos programas de suporte (bibliotecas). O suporte às aplicações segue dois paradigmas: o declarativo e o procedural, que emprestam seus nomes aos respectivos middlewares.

- As aplicações escritas no paradigma procedural (para efeito da literatura sobre TV Digital), orientam, passo a passo, o que o dispositivo receptor (set-top) deve fazer para cumprir uma tarefa; já no declarativo, indica-se apenas a intenção final, e o dispositivo realiza os procedimentos necessários. Dessa forma, utilizando-se o paradigma declarativo, parece muito mais fácil desenvolver uma aplicação. Deve-se ressaltar, entretanto, que os paradigmas são complementares, pois não existem linguagens declarativas capazes de cumprir todas as funções, já que elas são elaboradas com focos em determinadas aplicações, explica o professor Luiz Fernando.

Tanto o middleware procedural quanto o declarativo - que serão utilizados no sistema de TV Digital - foram concebidos pela PUC-Rio e pela Universidade Federal da Paraíba. A UFPB coordenou os trabalhos relacionados ao middleware procedural, anteriormente denominado FLEXTV, e a PUC-Rio ficou responsável pelo middleware declarativo, anteriormente denominado MAESTRO. Hoje os middlewares estão integrados, sendo a solução denominada Ginga. Segundo o professor Luiz Fernando, "Ginga porque esperamos poder afirmar que todos os brasileiros têm Ginga".

A linguagem declarativa NCL e o middleware Ginga

Base do middleware declarativo, a linguagem declarativa NCL, desenvolvida na PUC-Rio, traz facilidades ausentes nos middlewares declarativos dos demais sistemas existentes, conferindo ao sistema brasileiro de TV Digital um componente inovador da maior importância, que refletirá, diretamente, na concepção dos conteúdos televisivos.

Historicamente, a linguagem NCL deriva do modelo NCM, também concebido na Universidade, que contribuiu para a especificação do padrão MHEG, base do primeiro middleware declarativo da TV européia, e até hoje um dos mais utilizados.

Com foco no sincronismo de mídia, a linguagem NCL oferece suporte para aplicações não apenas com interatividade, tratada como um caso particular do sincronismo. Além disso, permite a elaboração de programas (aplicações) que podem ser adaptados ao aparelho receptor, ao usuário, bem como ao ambiente em que estão inseridos.

Uma demonstração das possibilidades oferecidas pelo middleware declarativo Ginga pode ser obtida no link: ftp://ftp.telemidia.puc-rio.br/maestro/demos/

Todo o desenvolvimento do middleware declarativo está disponível em código aberto, sob licença GPL, em: opensource.telemidia.puc-rio.br/projects/nclformatter.

 

O título original da matéria é Informática da PUC-Rio é responsável pelo desenvolvimento de softwares para suporte às aplicações da TV Digital no país. A Assessoria de Comunicação da UFCG acrescentou ao título original a frase A UFPB também participa do projeto. O texto permanece em sua forma original.


Data: 04/07/2006