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Hwang admite em julgamento fraude no estudo sobre célula-tronco

Cientista aceita dividir culpa por falsear dados, mas nega ter comprado óvulos. Apesar de reconhecer o uso de informações falsas, coreano insiste em provar que obteve células-tronco a partir de embrião clonado

O julgamento do cientista sul-coreano Woo-Suk Hwang prosseguiu ontem com uma admissão parcial de culpa pela fabricação de dados em dois estudos sobre células-tronco.

O pesquisador admitiu ter "inflado" números do trabalho, mas afirmou ter sido ludibriado por integrantes da equipe subordinados a ele. Um grupo o teria convencido de que havia conseguido gerar linhagens de células-tronco a partir de embriões humanos clonados, o que não aconteceu.

"Eu confirmo as suspeitas de fabricação", disse Hwang à corte após ter sido questionado sobre ter alterado pessoalmente alguns dados. "Foi claramente um erro meu, admito". O cientista "multiplicou" o número de linhagens de células-tronco que o grupo alegava ter criado de 2 para 11, e reconheceu tê-lo feito propositadamente.

Mas Hwang afirma que não estava ciente das falsificações mais graves no trabalho."Eu acreditava nos resultados dos testes trazidos a mim por pesquisadores", disse. "Nem toda a responsabilidade sobre as fabricações recai sobre mim".

Uma investigação paralela sobre a fraude feita pela Universidade de Seul concluiu que não há prova da existência de nenhuma das linhagens que Hwang alegou ter criado.

Ontem, porém, ele insistiu em negar: "Ainda queremos acreditar na veracidade das linhagens de células-tronco, que esperamos ser verificada por um laboratório de renome internacional, e não por um comitê incompetente da Universidade de Seul".

Hwang já havia pedido desculpas pelo fiasco, mas ainda não havia oferecido detalhes sobre seu papel no caso. Ele admitiu ter alterado um relatório entregue a ele por um membro da equipe antes de encaminhá-lo a outro cientista, que colaborou com a redação dos estudos.

Promotores acusam Hwang de má gestão e desvio de US$ 2,96 milhões -verbas públicas e privadas-, além de violação de leis bioéticas da Coréia do Sul ao pagar mulheres por óvulos "doados" para experimentos.

A primeira acusação pode levar a uma pena máxima de dez anos de prisão, enquanto a segunda pode somar mais três. Apesar de assumir parcialmente a culpa pela fraude, Hwang nega ter comprado os óvulos.

O depoimento de ontem foi o segundo de Hwang desde o início do julgamento, no mês passado. A próxima sessão está marcada para 25 de julho.


Data: 05/07/2006