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Sono faz bem para a memória

Estudo feito em Harvard reforça a tese de que dormir é essencial para que o cérebro registre melhor os episódios do dia, assim como informações adquiridas por meio da leitura.

Nos últimos anos, as pesquisas na área em todo o mundo vêm se avolumando. Apesar das muitas dúvidas ainda existentes, é possível afirmar, entre outras coisas, que dormir faz bem para a consolidação da memória.

A mais recente evidência nesse sentido será publicada na edição desta terça-feira (11/7) da revista Current Biology. Um grupo de pesquisadores norte-americanos, liderado por Jeffrey Ellenbogen, da Escola Médica de Harvard, conseguiu comprovar que o sono protege a chamada memória declarativa, mesmo depois de interferência externa.

Em linhas gerais, o cérebro humano guarda as informações de duas formas básicas. Além da memória implícita existe a declarativa, também chamada de explícita. Essa segunda é formada pelo armazenamento de episódios vividos ao longo do dia e de informações obtidas por meio de leituras e estímulos visuais e sonoros.

Para tentar identificar a relação entre sono e memória declarativa, os pesquisadores montaram um experimento com a participação de 48 pessoas, divididas em quatro grupos iguais. A todos, no início do estudo, foi apresentada uma lista de 60 pares de palavras, que poderiam ser memorizadas por associações.

O primeiro grupo foi testado após um período de 12 horas de descanso. O segundo, depois de passar a mesma quantidade de horas acordado. Para provocar uma interferência externa, outros dois grupos foram montados. Esses dois, depois de viverem as mesmas condições que os outros, foram apresentados a uma outra lista de palavras 12 minutos antes do teste. De cada um dos pares da primeira lista, apenas os segundos termos eram diferentes.

Os resultados – em todos os casos a intenção era medir quanto cada uma das pessoas conseguia lembrar da lista inicial –, segundo os pesquisadores, são bem conclusivos. O grupo que dormiu lembrava muito mais, mesmo com o fator interferência presente.

Sem a presença do segundo conjunto de palavras, a diferença, em relação ao índice de acerto, ficou em 94% contra 82%. No segundo caso, com a presença das associações novas, o desempenho relativo daqueles que dormiram até aumentou. O índice de acerto foi de 76%, contra 32% daqueles que haviam permanecido acordados.

Além da conclusão geral de que o sono protege a memória declarativa, os resultados, afirmam os cientistas responsáveis pelo estudo, também revelam que, enquanto a memória é fortemente influenciada por novas associações depois de um período de vigília, após 12 horas de sono a situação é totalmente diferente. Nesse caso, a memória declarativa fica resiliente a um eventual fator de disrupção.

Mais informações: http://www.current-biology.com.


Data: 11/07/2006