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Aproximação entre ciência e educação é fundamental para uma política eficiente de popularização da ciência

Participantes do encontro aberto sobre divulgação científica, na Reunião Anual, cobram a adesão do Ministério da Educação ao debate e às iniciativas brasileiras na área

Representantes de instituições ativas em popularização da ciência e interessados pela área se reuniram nesta segunda-feira, em encontro na Reunião Anual, para dar o primeiro passo na construção de uma política pública de divulgação científica.

Ildeu de Castro Moreira, diretor do Departamento de Difusão e Popularização da C&T do MCT, apresentou o documento discutido durante a 3º Conferência Nacional de CT&I, realizada em novembro do ano passado, com metas para educação e divulgação científica traçadas para os próximos 10 anos.

A idéia é utilizar este documento como base para uma discussão mais ampla entre todos os segmentos envolvidos na questão e também engajar aqueles que têm sido omissos até o momento, como o MEC e os órgãos a ele vinculados.

Os participantes do encontro cobraram uma interação maior entre o MCT e o MEC para o debate e a consolidação de políticas de divulgação e educação de ciências.

"Todos os nossos programas são voltados para a rede de ensino, mas ela não os reconhece", criticou Paulo César B. Arantes, do Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj). "Não ha diálogo entre o MCT e as secretarias de educação".

A maior valorização acadêmica das atividades de divulgação científica também esteve entre as reivindicações no encontro. Alguns presentes criticaram o fato de o Currículo Lattes não dedicar às iniciativas de divulgação científica um campo específico e destas atividades não serem avaliadas de forma adequada pelas agências de fomento à C&T nacionais.

Neste sentido, a divulgadora e jornalista especializada em ciências, Luisa Massarani, sugeriu que se redigisse uma moção a ser apresentada à SBPC reforçando esta questão. Ela também propôs um movimento para sensibilizar a Capes no sentido de a agência criar, a exemplo do MCT, um comitê de divulgação científica para apoiar e avaliar projetos na área.

Outras propostas vieram de diferentes instituições. Ulisses Capozzoli, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC), propôs a implementação de 10 projetos pilotos de clubes de astronomia e cultura no país, cada um com orçamento de R$ 3 mil mensais.

José Ribamar Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência (ABCMC), indicou como uma das diretrizes para os centros e museus de ciências a formação de fóruns e redes para que se estabeleça uma maior articulação entre estas instituições.

Alberto Peverati, secretário-executivo do Conselho Nacional de Secretários para Assuntos de Ciência, Tecnologia e Inovação (Consecti), elencou como prioridades do órgão a consolidação de uma Política Estadual de Popularização da Ciência; o desenvolvimento das Semanas Estaduais de C&T; e a consolidação de programas e projetos de integração dos sistemas de educação e C&T. Ele propôs a criação de um programa de pesquisa para professores do ensino básico, com recursos do Fundo Nacional de Educação (FNDE).

Ildeu de Castro Moreira, por sua vez, ressaltou a necessidade de se garantir recursos permanentes para a popularização da ciência. Umas de suas sugestões é que se destine 2% dos fundos setoriais para difusão do conhecimento produzido. A outra é criar um fundo setorial para a área de educação.

Segundo Moreira, todas as contribuições serão incorporadas ao documento que o seu Departamento começou a preparar e um novo encontro deverá ser agendado para dar prosseguimento às discussões. A meta é que em seis meses esteja delineada uma Política Nacional para a Popularização da Ciência.

"Há muitas iniciativas sendo desenvolvidas, agora é preciso dar um arcabouço a isso tudo", afirmou. Ele sugeriu que as propostas mais concretas sejam apresentadas na Assembléia da SBPC, que acontece nesta quinta-feira.

"Se sairmos com uma proposta daqui, teremos o aval da SBPC, que é um aval importante politicamente", reforçou.


Data: 18/07/2006