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Reunião Anual da SBPC: Mesa-redonda debate Novos modelos de Universidade

Universidade Federal do ABC (UFBAC) terá 100% de doutores em seu quadro docente

Hermano Tavares, ex-reitor da Unicamp e reitor da Universidade Federal do ABC (UFABC), coordenou nesta segunda-feira mesa-redonda sobre o futuro da Universidade. Segundo ele, para a consolidação de um ensino superior de qualidade, é preciso alcançar dois pontos: expansão da formação de recursos humanos e universalização do ensino básico.

A seu ver, num deles, a formação de recursos humanos pela nossa pós-graduação, o Brasil fez o dever de casa. Porém, o oposto ocorreu com o ensino básico. "A Universidade não cumprirá seus objetivos de ajudar no desenvolvimento brasileiro sem o melhoramento do ensino básico", defendeu.

Outro problema, diz ele, em relação à Universidade é que ela nas últimas décadas vem passando por uma crise de legitimidade. "Todos pagam, mas nem todos vão à Universidade";. Para ele não há representação correta da população nas Universidades e isso causa tensão. Ele cita ainda a questão da autonomia financeira como um gargalo a ser superado.

Como um novo modelo para o ensino superior, ele apresentou o projeto da UFABC. A nova Universidade, que fez neste domingo seu primeiro vestibular, terá foco em tecnologia. Todos os graduandos entrarão para a carreira de C&T. Nos três primeiros anos o aluno terá aulas básicas e depois poderá escolher entre bacharelado e licenciatura em diversas carreiras (cursando mais um ano) ou Engenharia (cursando mais dois anos). Segundo Tavares, cerca de 11 mil candidatos disputaram as primeiras 1.500 vagas.

O convidado internacional da mesa, Guido Clemente, da Universidade de Florença, pontuou a dificuldade em se realizar uma Reforma Universitária. "O processo na Itália está acontecendo desde 1968".

Mas a partir de 1999, diz ele, com a reunião dos ministros europeus de educação em Bologna, foram estabelecidos princípios para os países da Europa. O objetivo era que os princípios fossem alcançados até 2010, mas para Clemente, esta data não deve ser cumprida. Ele citou, como exemplo, a dificuldade de passar de um sistema tradicional para um currículo básico e avançado, como o que será aplicado pela nova UFABC.

Último a falar, o secretário de Educação Superior do MEC, Nelson Maculan, pontuou algumas dificuldades que têm encontrado para a melhora das Universidades brasileiras.

Uma delas é a avaliação de novos cursos. Segundo ele, a aprovação de um curso é bastante complicada. "Não podemos aprovar um curso e dois anos depois fechá-lo. Não é simples, temos que pensar no aluno, arrumar outra Universidade. Temos que pensar na descentralização também. Não há como o MEC, de Brasília, com 120 pessoas, gerenciar um sistema com mais de 15 mil cursos. Descentralizar é importante para melhorar o ensino".

Ele também citou o gasto com hospitais, que deveria ser, segundo ele, do Ministério da Saúde. "Do orçamento de R$ 7 bilhões, R$ 1,5 bilhão vai para a manutenção dos hospitais universitários. O Brasil é o único país onde ocorre isso. O MEC provê grande parte do sistema de saúde do país".

Ele defendeu o aumento do sistema público de educação superior e disse que o MEC já trabalha com um plano de crescimento para os dois próximos anos. "A faixa de brasileiros entre 18 e 24 anos que está na Universidade é bem menor do que em outros países da América Latina, como a Argentina, precisamos de mais Universidades";, explicou. Ele contou que seu aceite em participar do governo estava condicionada à expansão do sistema federal de ensino superior.

Os desafios que estão sendo combatidos pelo MEC e que continuarão, diz ele, são a qualificação do Ensino Superior e o crescimento das Universidades federais.

Mais informações sobre a UFABC no site: http://www.ufabc.edu.br/


Data: 18/07/2006