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Capes planeja investir R$ 400 milhões para triplicar formação de doutores na Amazônia até 2010

SBPC pleiteia investimento de RS$ 2 bilhões na região com descontingenciamento dos fundos setoriais

A Capes planeja, com o Acelera Amazônia, triplicar o número de doutores na Região até 2010, “no mínimo”, informou nesta quarta-feira o diretor de Programas da agência, José Fernandes de Lima, no Encontro Aberto que discutiu o tema “Amazônia – Avaliação dos Documentos”, na Reunião Anual. A meta prevê orçamento de R$ 400 milhões, a ser desembolsado de modo gradativo, R$ 100 milhões por ano, disse ele.

De acordo com José Fernandes de Lima, a Amazônia tem 2.206 doutores e 3.650 mestres, 170 cursos de doutorado e 618 cursos de mestrado – 788 cursos de pós-graduação. O Sudeste retém 66,6% dos doutores, e o Norte 1,8%, compara.

A coordenadora do encontro, Maria Célia Pires Costa, da Uema, acrescentou que o presidente da SBPC, Ennio Candotti, propôs ao ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, um programa de formação de recursos humanos especializados na Amazônia. A idéia é de descontingenciar os recursos dos fundos setoriais para financiar a iniciativa, com a destinação de R$ 2 bilhões em 10 anos para a formação de mestres e doutores na Amazônia, com repasses mensais de R$ 20 milhões. Segundo a coordenadora, estão retidos R$ 3,5 bilhões dos fundos.

Maria Célia Pires Costa informou que a SBPC está construindo uma agenda de ciência e tecnologia para a Amazônia, que foi tema este ano de dois encontros em Belém e Manaus. Estão previstas as realizações de cinco reuniões regionais em Manaus, Porto Velho, Boa Vista, Rio Branco e São Luís. Segundo ela, a escolha dos nomes ainda é preliminar.

O resultado das discussões – acrescenta Maria Célia – vai consolidar um documento a ser entregue aos candidatos à Presidência da República. Os encontros e as reuniões regionais manterão o tema da Amazônia em pauta até a realização da 59ª Reunião Anual da SBPC, que será realizada em Belém, em 2007.

Conforme José Fernandes de Lima, as metas para aumento do número de doutores na Amazônia fazem parte do Plano Nacional de Pós Graduação 2005-2010, mas também visam atender à demanda antiga. O sistema de pós-graduação está crescendo 10% a cada ano, informou.

O diretor de Programas da Capes ressalta, todavia, que a ampliação do quadro de pessoal altamente qualificado na Região inclui a atração e a fixação de novos profissionais e deverá observar o padrão de qualidade internacional. “Não temos pretensão de propor nenhuma grande revolução na Região”, afirmou.

Para a Capes, a região compreende o espaço da Amazônia Legal, que inclui Mato Grosso, Tocantins e Maranhão. Hoje, a Amazônia conta com 15 Universidades, dois institutos de pesquisa, 25 cursos de Doutorado, 99 de Mestrado e 902 grupos de pesquisa. No encontro, José Fernandes informou que mais um doutorado foi criado na Amazônia, o primeiro do Amapá, na área de Biodiversidade e Ecologia, na Unifap.

Nilson Gabas (MPEG), relatou o andamento das reuniões anteriores sobre a pauta de C&T da Amazônia. Destacou que Candotti propôs a Rezende priorizar a agenda da Região como programa de Estado, uma vez que do ponto de vista científico e tecnológico ela abriga laboratórios de pesquisas naturais timidamente explorados. Cita as riquezas da fauna, flora, províncias minerais, ciclo das águas, fragilidade dos solos e comunidades nativas.

Gabas informou que está sendo pleiteada a criação de mais um instituto federal na Amazônia para monitorar o Estuário do Amazonas, um curso de engenharia naval para explorar o potencial do transporte fluvial. Outra reivindicação, segundo ele, é de uma profunda revisão para melhor aproveitar para a Região os recursos dos sistemas Sivam/Sipam para promover o desenvolvimento científico e tecnológico local.

Segundo Gabas, foi pedida prioridade ao projeto de criação de unidade do Inpe na região e a construção e colocação em órbita de um satélite geoestacionário de comunicação e monitoramento dos espaços equatoriais. Há informação de que a unidade do Inpe será instalada em Belém, no MPEG. Outra contribuição à agenda foi dada por Ima Célia Guimarães Vieira (MPEG), que monitora o Arco do Desmatamento para a Amazônia.

A vice-presidente da SBPC, Dora Ventura, observou que a agenda grita pela biodiversidade dos recursos naturais com excessivo uso temático, e dá ênfase à necessidade de intensificação da formação técnica de recursos humanos nas áreas de economia, administração, engenharia da produção e história. O viés deverá ser dado a um forte embasamento econômico e de gestão, com grande visão empresarial, recomenda.


Data: 20/07/2006