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União Européia vai usar embriões excedentes em pesquisa

Mas bloco não financiará etapa de destruição do embrião

Os países da União Européia (UE) alcançaram ontem um acordo político para que prossiga o financiamento com fundos europeus de pesquisas com células-tronco embrionárias nos países do bloco onde essa prática for autorizada.

Na semana passada, o presidente dos EUA, George W. Bush vetou o financiamento público de pesquisas com células-tronco embrionárias, que utilizam embriões destinados a descarte de clínicas de reprodução humana.

Os ministros de Indústria e Educação da UE aprovaram o 7º Programa Marco de Pesquisa, que terá 54 bilhões para o período 2007-2013 (apenas uma pequena fração irá para pesquisas com células-tronco).

Polônia, Áustria, Eslováquia, Lituânia e Malta votaram contra o programa por "questões éticas". Alemanha, Itália e Luxemburgo, que também mantinham reservas, mudaram de posição graças à inclusão no texto de uma declaração da Comissão Européia (órgão executivo da UE), detalhando as condições de financiamento.

A CE esclareceu que não aceitará o co-financiamento de atividades que impliquem na destruição de embriões humanos, incluindo as destinadas a obter células-tronco.

"Isso não impedirá o financiamento pela UE dos passos subseqüentes relacionados às células-tronco embrionárias", diz a declaração. Portugal lamentou a "incoerência e hipocrisia" de não se financiar a obtenção das células-tronco embrionárias, mas sim as pesquisas com elas.

A declaração da CE neutralizou as objeções da Alemanha. A ministra alemã de Educação e Pesquisa, Annette Schavan, insistia em que seu país não estava disposto a co-financiar atividades que implicassem no "sacrifício de embriões".

O Reino Unido enfatizou as "imensas possibilidades terapêuticas" da pesquisa e opinou que seria "moralmente inaceitável que esses avanços não fossem acessíveis aos pacientes".

O programa aprovado veta explicitamente que fundos europeus beneficiem atividades de pesquisa sobre clonagem humana com fins reprodutivos. Também não haverá verba para modificar a herança genética de humanos ou criar embriões com fins de pesquisa.

 Além disso, a proposta ressalta a necessidade de aplicar normas estritas de controle e a análise das pesquisas caso a caso. O acordo sobre o programa deve ser votado em segunda leitura pelo Parlamento Europeu, que já demonstrou ter posição semelhante à estipulada hoje.

Atualmente, a obtenção de células-tronco embrionárias a partir de embriões excedentes de clínicas de fertilização in vitro é permitida na França, Holanda, Espanha, Dinamarca, Finlândia e Grécia.

Só Bélgica, Reino Unido e Suécia autorizam a clonagem terapêutica, excluída do programa da UE.


Data: 25/07/2006