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UnB oferece primeiro curso em Letras e Língua Brasileira de Sinais (Libras)

Há 55 vagas. Inscrições vão até dia 7 de agosto

Em quatro anos, o mercado de trabalho brasileiro não será mais o mesmo. Pelo menos, 500 profissionais formados na Língua Brasileira de Sinais (Libras) estarão aptos a ensinar a linguagem especial.

O projeto pioneiro começa agora: a Universidade de Brasília (UnB) e outras oito instituições de ensino superior espalhadas pelo país terão o primeiro curso de Licenciatura em Letras – Libras, com duração de quatro anos e no formato semi-presencial.

As inscrições podem ser feitas até segunda-feira, dia 7 de agosto, somente pela internet (http://www.coperve.ufsc.br). As provas para o vestibular serão realizadas no dia 27 de agosto.

Para se inscrever, é necessário ter concluído ou estar prestes a concluir o ensino médio e enquadrar-se em, pelo menos, uma das duas exigências: ser instrutor surdo de Libras certificado ou ser fluente em Libras (independentemente de ser surdo ou não).

As 500 vagas do curso serão distribuídas entre as nove instituições que participam do projeto, sendo 60 na UFSC e 55 em cada uma das outras.

Assim, quem se inscrever para vagas na UnB terá a parte presencial do curso em Brasília. O mesmo acontece no caso dos demais estados.

Até agora, a UnB recebeu 172 pedidos de inscrição, uma demanda de 3,12 candidatos por vaga.

O curso foi criado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com apoio do Ministério da Educação (MEC), que será o financiador do projeto.

A UnB, a UFSC e as outras instituições, chamadas de pólos – Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal do Ceará (UFCE), Universidade de SP (USP), Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade de Santa Maria e o Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) de Goiás – elaboraram em conjunto o conteúdo durante pouco mais de um ano.

As aulas serão semi-presenciais: os alunos terão o conteúdo repassado pela internet e também farão as avaliações em ambiente virtual, mas tirarão dúvidas ao vivo, com professores assistentes que participarão do projeto.

O MEC forneceu 13 computadores para cada pólo, além de equipamentos para serem utilizados em sala de aula e verba de R$ 16 mil para cada instituição adequar as salas de aula para o curso.

Mercado promissor - A expectativa é de que, no fim da graduação, quando os primeiros alunos estiverem formados na língua de sinais, a realidade do mercado brasileiro comece a se modificar para incluir esses profissionais, muitos deles surdos, e ampliar a interação entre as diversas categorias.

Atualmente, o Brasil possui apenas dois professores surdos com doutorado.

“Esse projeto poderá revolucionar o ensino e a noção de inclusão social”, afirma a coordenadora do curso de Licenciatura em Letras-Libras da UnB, Enilde Faulstich, professora e pesquisadora da Libras do Departamento de Lingística, Línguas Clássicas e Vernácula (LIV) do Instituto de Letras (IL).

O que se pretende com essa proposta, segundo ela, é fortalecer o bilingüismo no Brasil. “Todos falam do espanhol, do inglês como segunda língua, quando aqui no Brasil já temos uma segunda língua, a Libras”, defende.

A ampliação da inclusão da Libras no mercado brasileiro, aliás, tem apoio legal desde a publicação do Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005.

De acordo com a legislação, o ensino da Libras deve ser inserido como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e superior, e nos cursos de Fonoaudiologia.

Além disso, também em instituições de ensino públicas e privadas, do sistema federal e dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, a Libras deve fazer parte da grade curricular.

Outras iniciativas

A escolha da UnB para ser um dos pólos da iniciativa pioneira não foi por acaso.

Há três anos, o Depto. de Lingística desenvolve projetos de extensão para a ampliação do ensino da Libras, além de ter criado o curso de Licenciatura em Português do Brasil como Segunda Língua (PBSL), em que os alunos também aprendem a língua de sinais durante a graduação para auxiliar no ensino de Português para surdos.

Desde 2003, seis pesquisadoras do LIV – Enilde Faulstich, Heloísa Salle, Orlene de Carvalho e as pós-graduandas Sandra Faria, Adriana Chan e Margot Marinho – coordenam o curso Ensino de Português para Professores de Português de Surdos.

A intenção do projeto é capacitar os docentes a ensinarem a Língua Portuguesa para surdos. “Já fomos ao Brasil inteiro, os únicos estados em que ainda não estivemos foram RJ e SP”, diz Enilde.

Outro projeto pioneiro na UnB é o Educação Científica para Surdos, com a parceria do LIV e dos Institutos de Biologia (IB) e Química (IQ).

A proposta é desenvolver novas técnicas que tragam resultados satisfatórios para o ensino de Biologia e Química para surdos, além da formação de mestres e doutores com conhecimento na linguagem de sinais.

Serviço

As inscrições para o vestibular do curso de Licenciatura Letras-Libras só podem ser feitas via Internet, pelo site http://www.cooperve.ufsc.br até as 20h de 7 de agosto.

A taxa é de R$ 30,00 e as provas de vestibular serão realizadas em 27 de agosto, nas disciplinas de Conhecimentos Gerais e Língua Portuguesa.

Podem candidatar-se pessoas que concluíram ou estão prestes a concluir o Ensino Médio e que sejam: instrutores surdos de Libras certificados, surdos fluentes na Libras ou ouvintes fluentes na Libras.

Contato: Enilde Faulstich, coordenadora pela UnB do curso Licenciatura Letras-Libras e professora do Depto. de Lingística do Instituto de Letras, pelos fones (61) 3307 2740, 3307 2119 ou 9964 2979.


Data: 04/08/2006