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Enade reprova 20% dos cursos de graduação do país

Região Sul teve o melhor desempenho no exame. Apenas 27% das instituições obtiveram os conceitos mais altos

Apenas 27% dos cursos avaliados pela segunda edição do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) obtiveram conceitos 4 e 5, os maiores da avaliação que substituiu o Provão.

Os dados divulgados ontem pelo Ministério da Educação mostram que 1.102 cursos (20% do total) foram reprovados - receberam conceitos 1 e 2. A nota 3, que é o conceito médio, foi para mais da metade dos cursos avaliados: 2.921 (53%).

Entre as regiões do país o melhor desempenho foi dos universitários de cursos da Região Sul: 29,9% alcançaram conceitos 4 e 5. O Nordeste vem em logo em seguida, com 29,8% dos cursos bem avaliados. No Sudeste esse percentual foi de 27,6%. No Centro-Oeste, 17,8%, e o Norte, 17,5%.

Nordeste tem poucas faculdades privadas

O secretário de Educação Superior do ministério, Nelson Maculan, explicou o bom desempenho do Nordeste no exame nacional.

"A justificativa é que há poucas faculdades privadas e muitas universidades federais na região", disse o secretário Nelson Maculan.

A Região Norte teve maior percentual de cursos reprovados: 31,4%. O Centro-Oeste ficou em segundo lugar, com 28,7% de notas baixas. A Região Sul foi a que teve o menor percentual: 16%.

O Enade será aplicado este ano no dia 12 de novembro, quando estará encerrado o primeiro ciclo de avaliação de todas as áreas do curso superior do país.

Enade 2005 avaliou 5.511 cursos de graduação

Segundo o MEC, o Enade 2005 avaliou 5.511 cursos de graduação e 277.476 universitários, entre alunos que ingressaram recentemente nas faculdades e universidades e os que estão se formando.

A prova foi aplicada a estudantes de cursos de vinte áreas do conhecimento, que ainda não haviam sido submetidos ao Enade. Participaram alunos de Arquitetura e Urbanismo, Biologia, Ciências Sociais, Computação, Engenharias (46 especialidades), Filosofia, Física, Geografia, História, Letras, Matemática, Pedagogia e Química.

Uma das principais novidades deste Enade foi a criação do Indicador de Diferença entre o Desempenho Observado e o Esperado (IDD), que mede quanto o curso contribuiu para a melhoria do desempenho do aluno, de suas competências profissionais e do seu conhecimento.

O IDD está sendo chamado de "valor agregado" na formação do universitário. Assim como o Enade, o conceito do IDD varia de 1 a 5 por instituição.

Desde o Provão, nenhum curso reprovado foi fechado

O Ministério da Educação, a partir de agora, irá avaliar a qualidade dos cursos com base nesses dois parâmetros. O ministro da Educação, Fernando Haddad, disse que um curso que obtiver conceitos baixos nos dois quesitos, será fiscalizado com rigor pela Comissão de Avaliação do Ensino Superior.

Ele citou os casos de cursos que obtiveram conceitos do Enade e do IDD que variam entre 1 e 2.

"Vamos combinar esses dois conceitos. Se os cursos apresentarem índices inferiores a três, vão chamar a atenção e está acesa a luz amarela. A comissão irá fiscalizar in loco o que está ocorrendo", disse Haddad.

O ministro disse que o mau desempenho dos alunos pode levar até à suspensão do vestibular e o fechamento de um determinado curso. Mas, desde a criação do Provão, há dez anos, nenhum curso foi fechado por ter sido reprovado nessa avaliação.

Haddad disse que o ministério irá celebrar um termo de compromisso com a instituição para tentar sanear as deficiências encontradas.

Os dados do Enade mostram que 41,8% das universidades federais apresentaram IDD negativo, ou seja, não agregaram o valor esperado a seus alunos. Entre as faculdades privadas, o percentual de cursos com IDD negativo é de 46,5%.

Haddad reconheceu que, nesse tipo de avaliação, a diferença entre as federais e as particulares não é tão grande. As instituições municipais deixaram muito mais a desejar. Quase 60% delas (59,2%) não acrescentaram conhecimento a seus alunos.

Universidades federais têm melhor desempenho

Os alunos das universidades federais apresentaram desempenho melhor que os instituições privadas no exame. Essas instituições concentraram 56,3% das notas mais altas e as estaduais, 40,6%.

Os maiores percentuais de conceitos baixos foram registrados nas instituições municipais (37,5%) e nas privadas (23,3%).


Data: 10/08/2006