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Nanotecnologia precisa de debate público

No lançamento do livro "Nanotecnologia, sociedade e maio ambiente", na sexta-feira, no RJ, defendeu-se fortemente a idéia de que o desenvolvimento científico deve estar ancorado numa expressiva participação da sociedade.

Com o crescente desenvolvimento da nanotecnologia, que cada vez mais está presente em produtos, surge a preocupação de que haja um debate público acerca dos benefícios e potenciais riscos em relação a este campo da ciência.

Para debater o assunto, aconteceu na Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), no RJ, o lançamento do livro "Nanotecnologia, sociedade e maio ambiente" e uma mesa-redonda com o mesmo tema.

O coordenador do livro e pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), Paulo Roberto Martins, diz que é necessário pensar como conduzir o debate público sobre a nanotecnologia.

"A primeira coisa é avaliar como foi o debate sobre os transgênicos e aprimorar os erros acontecidos. Deve-se lutar para uma maior transparência na construção de um plano nacional de nanotecnologia para o país. Temos que ter estratégias para que os diferentes setores da nossa sociedade tenham consciência do que é a nanotecnologia e com isso tenham capacidade de participar do processo decisório", defendeu.

O representante da Fase, Jean-Pierre Leroy pontuou que há uma ligação cada vez maior entre a ciência e o mercado e que os interesses privados levam a uma falta de isenção sobre possíveis riscos do desenvolvimento tecnológico.

"É papel do cientista ter um esforço pedagógico, de vulgarizar o saber. Para a ciência é fundamental saber se explicar porque é a sociedade quem deve decidir. Nosso futuro não deve ser decidido por um comitê científico. Ele pertence a nós."

João Carlos Freitas Nunes, da Universidade de Coimbra, concordou: "A ciência não deve ser debatida apenas por quem faz ciência, mas por todos que serão atingidos pelas novas tecnologias. E é esse debate que legitima a ciência."

O pesquisador, porém, acredita que há diferenças entre as variadas pesquisas na área. "Assim como na biotecnologia, temos que fazer diferença entre os diferentes tipos de nanotecnologia porque os riscos são diferentes. É possível que haja apoio para algumas áreas em nano mesmo que haja risco porque a possibilidades são enormes, por exemplo, na medicina."

O físico e diretor do Depto. de Popularização e Difusão da C&T, do MCT, Ildeu de Castro Moreira, concorda com a necessidade de maior debate público e diz que neste sentido alguns passos práticos poderiam ser feitos, como a produção de cartilhas sobre o tema e o seu posterior envio às escolas brasileiras.

Para realizar a tarefa, ele convidou a Fase e pediu que haja maior integração dos cientistas sociais nos debates.

Disse também que é preciso fortaler a ação dos diferentes interessados no legislativo - tanto os cientistas que trabalham diretamente com nanotecnologia como os sociólogos que estudam as suas conseqüências para a sociedade.


Data: 21/08/2006