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Empresários acham que país não crescerá 4%

Lideranças que participaram de reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) acham difícil atingir a meta do governo

Líderes empresariais acham difícil que a economia brasileira cresça 4% este ano, como prevê o governo. "Acho que é possível chegar em 4%, mas não tenho muita confiança", disse ontem Jorge Gerdau.

"Acho que estamos mais próximos de 3,5%", afirmou o presidente licenciado da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto. Ambos participaram ontem da reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), onde foi discutido o futuro da indústria no Brasil.

"Em ano eleitoral, todo mundo quer número inteiro", brincou Monteiro Neto, ele próprio candidato à reeleição a deputado federal, pelo PTB de Pernambuco. "O governo quer 4% e a oposição, 3%."

Na sua avaliação, a atividade industrial deu sinais de desaceleração no meio deste ano, e isso puxará para baixo a taxa de crescimento econômico. Ele concorda com a análise de economistas que a queda na atividade, registrada sobretudo em junho, foi provocada pela Copa do Mundo.

Por causa das partidas, as indústrias reduziram seu ritmo de funcionamento. Ou seja, é um fenômeno que não vai se repetir nos meses seguintes.

"Tendência não é, mas (o fraco desempenho de junho) entra no cálculo (do crescimento) de qualquer maneira", disse.

Para Jorge Gerdau, é difícil saber como será o desempenho da indústria em geral. "A gente nota em alguns segmentos industriais uma preocupação que o crescimento será um pouco menor do que o previsto, mas de outro lado há alguns setores que estão andando em ritmo muito elevado."

Setores como o mineral e o de commodities voltadas à exportação vivem uma boa fase, enquanto o de manufaturas apresenta problemas. "Vivemos dois cenários", comentou Gerdau.

Conselho

Contrariando expectativas, a medida provisória dos semicondutores não foi analisada na reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), embora estivesse em pauta uma discussão sobre as políticas brasileiras para inovações tecnológicas em comunicações.

O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Alessandro Teixeira, disse que o texto da MP está pronto e estabelece uma "política nacional" para os semicondutores.

Ele negou que haja questões pendentes quanto à abrangência da MP (se ela atenderia à Zona Franca de Manaus) ou quanto à duração dos benefícios fiscais.

Segundo Monteiro Neto, a reunião tratou de questões estruturais da economia brasileira como, por exemplo, o excesso de informalidade.

"Discutimos visões de crescimento, como acelerá-lo", disse ele. Jorge Gerdau negou que essa discussão já seria algo voltado para um eventual segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ele comentou que a função do CNDI é discutir questões estruturais da economia, por isso é natural que as discussões levem em conta o que vai acontecer em três ou quatro anos.


Data: 23/08/2006