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Debate sobre globalização, pobreza e problemas de saúde

Enquanto as regiões mais pobres do planeta chegam a investir apenas 11 dólares per capita em saúde, entre os países mais ricos o investimento pode chegar a 1.907 dólares por habitante

Calcula-se que a riqueza mundial gire em torno de 24 trilhões de dólares. Entretanto, metade da população na África vive em extrema pobreza, número que chega a 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo.

Os dados foram apresentados por Paulo Buss, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no 11º Congresso Mundial de Saúde Pública e o 8º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, que estão sendo realizados no Riocentro, RJ.

Para o especialista, é impossível dissociar o processo de globalização e a pobreza das questões relacionadas à saúde. Ele cita como exemplo o fato de que são justamente as populações das nações mais pobres as que vivem em piores condições ambientais, sociais e sanitárias.

Nestas regiões, destacou o palestrante, governos chegam a gastar apenas 11 dólares per capita em saúde. Já entre os países mais ricos o investimento pode chegar a 1.907 dólares por habitante.

De acordo com Paulo Buss, outros problemas de saúde relacionados à globalização seriam a facilidade de difusão de doenças, a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e os problemas psicológicos decorrentes do turismo sexual.

Por outro, existem atitudes que representam esperança, como as Conferências das Nações Unidas de 1990 (Cúpula Mundial das Nações Unidas sobre as Crianças) e de 1992 (Eco 92 no Rio).

Entretanto, para o palestrante tais iniciativas não podem se resumir à retórica e cabe aos profissionais de saúde apoiá-las. "As soluções devem ser articuladas com iniciativas nacionais e globais", concluiu Paulo Buss.

Segundo o palestrante, não se pode responsabilizar apenas os países desenvolvidos: as elites política e econômica dos países subdesenvolvidos também têm sua parcela de culpa.

O palestrante citou a declaração do Banco Mundial em relatório de 2006:

"Apenas a eqüidade é capaz de aumentar a capacidade de reduzir a pobreza", destacando que até mesmo o centro econômico mundial percebe as conseqüências desastrosas de uma política que prioriza o comércio ao social.


Data: 25/08/2006