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Política de Aids da África do Sul é alvo de protestos

Manifestantes que pediam a demissão da ministra da Saúde da África do Sul, Manto Tshabalala-Msimang, entraram em confronto com a polícia da Cidade do Cabo nesta quinta-feira, 24.

A polícia usou spray de pimenta para dispersar os ativistas, que tentaram invadir um prédio do governo.

Os protestos contra a política de combate à Aids implementada pela ministra ocorreram em diversas cidades do país como parte de um "dia de ação" convocado pelo grupo Treatment Action Campaign (TAC, na sigla em inglês).

Na semana passada, a polícia já havia prendido mais de 40 ativistas durante demonstrações semelhantes.

Segundo os manifestantes, a ênfase em alimentação saudável e tratamentos naturais como método de controle da Aids em vez de medicamentos é um insulto a milhões de sul-africanos infectados pelo vírus.

No mesmo dia em que ocorrem diversos protestos, o governo sul-africano admitiu que enfrenta problemas para comunicar sua mensagem em relação à Aids.

"O governo decidiu que deve ser implementado um trabalho, localizado e no Exterior, para aumentar o entendimento sobre o nosso amplo programa de controle do HIV e da Aids, para solucionar qualquer dúvida sobre o comprometimento do governo na luta contra o HIV e a Aids", disse nesta quinta-feira o chefe de comunicação do governo, Themba Maseko.

Segundo Maseko, um encontro de governo, na quarta-feira, discutiu o impacto de "falsas alegações" sobre a falta de um programa efetivo de combate à doença.

"Nada pode estar mais distante da verdade", disse.

Alho e limão

Na semana passada, durante a Conferência Internacional de Aids em Toronto, no Canadá, o representante especial das Nações Unidas para a doença na África, Stephen Lewis, acusou o governo sul-africano de ser negligente em sua política de combate à doença.

Na conferência, o estande da África do Sul incluía limões e alho, considerados pela ministra da Saúde métodos eficientes no combate à Aids.

Em 2004, depois de muita pressão por parte de ativistas, o país mudou sua política e começou a distribuir anti-retrovirais em clínicas do governo.
Atualmente, mais de 100 mil pessoas recebem esse tratamento no país, dos aproximadamente 6 milhões de infectados.

A cada dia, mais de mil pessoas são infectadas e 800 morrem em decorrência da doença na África do Sul, segundo o TAC.

Além da demissão da ministra, o TAC pede um encontro nacional para formular uma estratégia de emergência no combate à Aids e tratamento para prisioneiros infectados com o vírus HIV.

Essa última reivindicação se deve à morte de um homem sob custódia, identificado como MM. Ele fazia parte de um grupo de prisioneiros que ganhou na Justiça o direito de receber medicação anti-retroviral, mas recebeu os remédios tarde demais.


Data: 25/08/2006