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Grupo acha o maior dos dinossauros brasileiros

Animal de 80 milhões de anos media 13 metros e pesava até nove toneladas. Pesquisadores da UFRJ descreveram e remontaram o esqueleto fossilizado encontrado no município de Prata, no sul de Minas Gerais

Um gigante acaba de ser adicionado à lista ainda modesta, mas crescente dos dinossauros brasileiros.

Com 13 metros de comprimento e nove toneladas, o Maxakalisaurus topai é o maior dino descrito no país, afirmam os pesquisadores do Rio de Janeiro que apresentaram o bicho ao público ontem.

Junto com a descrição da nova espécie, o paleontólogo Alexander Kellner e seus colegas inauguraram uma reconstrução completa do esqueleto do grande réptil, exposta no Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Ao lado da réplica de resina o público pode ver também alguns dos fósseis reais do bicho.

"Com toda certeza é o maior dinossauro com nome e sobrenome científicos no Brasil, embora existam materiais maiores que ainda não foram devidamente estudados", diz Kellner, autor da pesquisa ao lado de colaboradores do Museu Nacional e do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral).

A descrição do animal está na edição deste mês da revista científica "Boletim do Museu Nacional".

Quinto elemento

Com estimados 80 milhões de anos de idade, o M. topai foi um comedor de plantas da mesma linhagem que gerou os maiores animais terrestres de todos os tempos.

Quatro de seus "primos" do grupo dos titanossauros já tinham sido identificados no Brasil e, tal como ele, vieram do conjunto geológico conhecido como grupo Bauru, que engloba boa parte de Minas Gerais e São Paulo.

Mais especificamente, o bicho vem dos arredores da cidade de Prata (MG) e seu esqueleto maciço foi exposto pela primeira vez durante a construção de uma estrada. Foi preciso trabalhar de 1998 a 2002 para extrair seis toneladas de fóssil.

"Só as vértebras dorsais pesavam uma tonelada e meia", conta Kellner. Parte do material fóssil estava articulado (na posição em que se encontraria em vida), com alguns outros pedaços mais espalhados.

Segundo o paleontólogo, isso sugere a presença de dois indivíduos da espécie, embora seja difícil confirmar isso. O nome da espécie foi escolhido para homenagear os índios maxacalis, de Minas, e uma divindade da etnia, chamada Topa.

Ainda que incompleto, o fóssil traz bastante informação sobre a espécie: há vértebras do pescoço até o rabo, um pedaço do maxilar com dentes, ossos das patas traseiras e dianteiras e do peito.

De lambuja, o grupo achou também grandes osteodermas -calombos ósseos que recobriam o couro do animal e são típicos dos titanossauros.

Apesar do tamanho, o bicho mostra que a vida no Cretáceo, a última fase da Era dos Dinossauros, não era mole para herbívoros. Alguns de seus ossos fósseis têm marcas de dentadas, provavelmente deixados por carnívoros que o atacaram ou comeram sua carcaça.

Pode ser que o M. topai tenha tido parentes argentinos. Traços como os osteodermas volumosos e as vértebras da cauda achatadas o aproximam do grupo dos saltassaurinos, achados na Argentina, "embora ele provavelmente fosse mais primitivo que eles", diz Kellner.

O trabalho teve apoio da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) e do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Os pesquisadores querem lançar um concurso para "batizar" o esqueleto, que já está em exposição no Museu Nacional.


Data: 29/08/2006