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Planta originária da Ásia e África controla lagarta-do-cartucho, principal praga que ataca a cultura do milho

A pesquisa foi apresentada no XXVI Congresso Nacional de Milho e Sorgo

Resultados de pesquisas para o controle da lagarta-do-cartucho, principal praga que ataca a cultura do milho, estão sendo apresentados durante o II simpósio brasileiro sobre o tema, que acontece até a próxima quinta-feira em Belo Horizonte-MG, dentro da programação do XXVI Congresso Nacional de Milho e Sorgo.

A utilização do extrato de nim, planta originária da Ásia e África, na dieta de lagartas criadas em laboratórios da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), apresentou eficiência de 100% no controle da praga.

O pesquisador Paulo Afonso Viana, coordenador da pesquisa, explica que as substâncias encontradas no nim possuem ações repelentes, inibem a alimentação e interferem no desenvolvimento e na reprodução das lagartas. O estudo foi realizado por uma equipe da Embrapa Milho e Sorgo.

Folhas de nim foram coletadas, secas ao ar, moídas e depois misturadas com água. O extrato foi aplicado nas folhas do milho e o preparo foi oferecido na dieta do inseto em laboratório.

"Verificamos
a mortalidade de 100% das lagartas. Também comprovamos que a eficiência é maior se a lagarta ingerir a folha que foi submersa no extrato de nim. O efeito de contato do produto não apresenta a mesma eficácia", conclui.

O pesquisador adianta que em lagartas submetidas à pulverização o efeito inseticida é bastante reduzido. "A mortalidade chegou a apenas 45% quando somente pulverizamos as folhas. A tecnologia de aplicação é fundamental para o controle da lagarta", diz.

Outro dado conclusivo da pesquisa é a relação existente entre a idade das lagartas e a aplicação do extrato. "Em insetos com até oito dias de vida a mortalidade é elevada. Acima desse período, a mortalidade é reduzida", explica.

O pesquisador antecipa que o desafio agora é elaborar um equipamento de aplicação eficiente e de baixo custo, acessível ao pequeno agricultor.

A pesquisa também apontou condições adversas à ação do nim: altas temperaturas e utilização de água com pH abaixo de 7 no preparo do extrato.

Paulo Viana ainda conta que o princípio ativo presente no nim que atua como inseticida é encontrado em maior concentração nas sementes da planta e depois em menor quantidade nas folhas, cascas e raízes, nessa ordem.

"Optamos por usar as folhas pela facilidade de manuseio e por as sementes exigirem o uso de uma prensa adequada, que pode elevar o custo para a obtenção do extrato", diz.

O efeito toxicológico do nim, continua o pesquisador, é bastante seguro para o homem. "Estamos na fase de encontrar um pacote tecnológico para pequenos agricultores, definindo o número de aplicações e equipamentos corretos".

A palestra foi apresentada na segunda-feira, 28, dentro do painel "Métodos alternativos para o controle da lagarta-do-cartucho em sistemas de produção orgânica ou de agricultura familiar", no II Simpósio Brasileiro sobre a Lagarta-do-Cartucho, que acontece durante o XXVI Congresso Nacional de Milho e Sorgo, evento promovido pela Associação Brasileira de Milho e Sorgo (ABMS), e organizado pela Embrapa Milho e Sorgo, Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).


Data: 30/08/2006