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Alunos fazem protesto na UFCG, mas professores vão iniciar greve

Os professores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) aprovaram indicativo de greve para o dia 24 de outubro próximo. A decisão foi tomada durante assembléia geral da categoria, realizada na manhã de ontem, no Centro de Extensão José Farias da Nóbrega, em Bodocongó. Os docentes realizarão na data mencionada uma nova reunião para homologar a paralisação por tempo indeterminado.

Ao contrário de outras assembléias dos docentes da UFCG, a de ontem foi tumultuada pelos estudantes, que invadiram o centro na tentativa de atrapalhar a decisão dos professores. As opiniões dos estudantes se dividiram a favor e contra a greve.

Até a data, lembra o presidente da Associação de Docentes da UFCG, Amaury Fragoso, a categoria poderá voltar a se reunir, dependendo do número de universidades em greve. Ele criticou o comportamento dos alunos em não respeitar o processo de democracia e disse esperar que essa situação não mais se instaure dentro da universidade. O presidente do Diretório Central do Estudantes da UFCG, Caio Fernandes, também criticou o comportamento dos alunos durante a assembléia. Ele, que não concorda com a interferência dos estudantes nas decisões dos docentes, pretende reunir a classe estudantil para discutir o processo.

A paralisação dos professores das universidades públicas federais, que já conta com a adesão de mais de 20 instituições no País, tem como finalidade pressionar o governo federal a atender às reivindicações dos trabalhadores, entre elas a reposição salarial (reajuste de 18%), incorporação das gratificações, retomada dos anuênios e valorização do trabalho docente. O governo concedeu um aumento de 0,1%.

Encerrada a assembléia, por volta das 13 horas, os professores se dirigiram à agência do Banco do Brasil no campus uni-versitário, guiando uma carroça com vários porta-níqueis contendo moedas. O dinheiro, que foi arrecadado durante a campanha "Doe uma esmola dos 0,1% para o governo Lula" foi devolvido ao governo através de depósito na conta do Tesouro Nacional. Esse porcentual foi o reajuste concedido aos servidores das universidades públicas federais.

Na UFPB, pressão prejudica resultado

Já em João Pessoa, a pres-são dos estudantes da Univer-sidade Federal da Paraíba, du-rante a assembléia geral dos professores, surtiu efeito e os docentes decidiram recuar e adiar o indicativo de greve para o dia 28 de setembro. A votação foi apertada e a decisão veio com uma pequena diferença de três votos, sendo 122 a favor e 125 contra. O Centro de Vivência da Universidade ficou lotado pelos alunos que acompanharam todas as decisões, manifestando-se através de gritos, vaias e aplausos.

A investida dos alunos para que a greve não acontecesse começou cedo. No início da manhã, liderados pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), eles percorreram todas as salas de aula, usando apitos e pedindo para que os professores fossem participar da assembléia, votando de forma contrária à greve. "Os professores que participam das assembléias são em sua maioria aposentados e eles são a favor da greve. Já os que estão nas salas de aula são contrários, por isso que nós passamos pelas salas solicitando que eles participassem", diz o secretário de Movimento Social do DCE, Thiago Souto.

De acordo com ele, o diretório é contra a greve, pois esse não é o momento propício para que ela ocorra. "Estamos há um mês e 15 dias de terminar o período, o nosso calendário é o mais atrasado do País e sem contar que estamos passando por uma série de problemas nacionais, o que não daria visibilidade alguma ao movimento", conta Thiago, ressaltando que os alunos, que ainda não entraram na UFPB, também serão penalizados, pois um período pode ser anulado para regularizar o calendário. A UFPB tem em seu quadro 3 mil professores - desse total, 1.500 encontram-se na ativa e 23 mil alunos. (Beth Torres)


Data: 15/09/2005