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Camisinha não é fator de proteção eficiente para o HPV, lembra especialista

Conferência abordou importância da vacina anti-HPV, que pode diminuir número de casos de câncer de colo útero, o segundo mais freqüente na população feminina.

 

Ontem foi apresentada a Conferência "Vacina anti-HPV - Visão do Ginecologista” no 44º Congresso Científico do HUPE, que ocorre até sexta-feira. O palestrante, Hildoberto de Oliveira ginecologista do Hospital Universitário Pedro Ernesto falou da importância do estudo do vírus HPV, por estar diretamente relacionado ao câncer de colo de útero, o mais freqüente depois do de mama na população feminina. Ele lembrou que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) acaba de aprovar o uso da vacina Anti-HPV no Brasil.

 

Segundo o médico, o HPV é um vírus papovaviridae pequeno com dupla haste de DNA que sobrevive em locais úmidos, que geralmente provoca lesões e é transmitido através do contato das mucosas contaminadas. Isso inclusive faz com que o preservativo no ato sexual não seja um fator de proteção tão eficiente para esta doença. Ele destacou que "apenas se o HPV fosse transmitido pelo sêmen a camisinha seria um fator de proteção".

 

A vacina Anti-HPV, que foi desenvolvida em dois laboratórios distintos (na Europa e nos EUA),  é atualmente eficaz contra dois tipos de vírus de HPV, o 18 e o 16, sendo este último o mais agressivo dos 130 tipos de variantes do HPV existentes. Juntos, ambos são responsáveis por aproximadamente 75% dos casos de câncer de colo de útero na população. Segundo o especialista, a vacina traz um diferencial, “pois ela é capaz de atuar de forma preventiva na fase primária”.

 

Há cerca de 30 anos que, de acordo com Oliveira, o HPV foi identificado como tendo relação com o câncer cervical. “E estudos apontam que 99,8% dos casos desse câncer são originados do HPV”, disse . Além disso, antigamente “observava-se que o câncer de colo de útero era mais freqüente em mulheres a partir de 60 anos; hoje, no entanto, mulheres com 20 e 30 anos são as maiores vítimas da doença”, acrescentou.

 

O médico afirmou que cerca de 75% das pessoas sexualmente ativas já tiveram contato com o vírus. Ele explicou que o HPV pode se comportar de formas distintas no organismo humano: “sessenta por cento dos pacientes infectados apresentam regressão espontânea do vírus, 20% apresentam regressão com o uso de medicamentos prescritos por médicos e 20% são refratários ao tratamento, tornando-se pacientes crônicos". Normalmente, o HPV pode provocar o aparecimento de condiloma acuminado, neoplasias genitais intra-epiteliais e carcinomas genitais, especialmente do colo de útero.

 

A vacina Anti-HPV, assim como as demais vacinas é uma suspensão de microorganismos vivos que induz a imunidade, contribuindo para a prevenção . Oliveira falou sobre as vacinas mais utilizadas hoje em dia e indicou seus percentuais de atuação. Segundo ele, a produção de uma vacina requer a cultura celular, a lise celular, a purificação, a fase da ampola e a distribuição. O processo de fabricação e comercialização demora consideravelmente. A vacina Anti-HPV demonstrou eficácia comprovada, previne cerca de 90% da incidência e da persistência de infecção pelo vírus HPV. Ela ainda se mostrou uma proteção ao vírus HPV 31 e 45, outras variantes que atingem parcela considerável da população.


Data: 31/08/2006